Poucos cenários, para não dizer nenhum, podem evitar uma busca mais “determinada” da indústria frigorífica por gado pronto para abate nos próximos 10 ou 15 dias. A semana começou com estabilidade, mas com o claro fator de necessidade de reformulação de estoques para indústria e varejo de carne bovina.
A pressa, momentânea da indústria, impede qualquer tentativa de pressão nos valores da arroba do gado pronto no momento. Por outro lado, também não acredito em tentativas de formação de escalas mais volumosas. Afinal, teremos em setembro uma entrada mais consistente de animais de confinamento.
As opiniões têm se dividido sobre a capacidade de pressionar preços deste gado de confinamento em setembro e outubro. Alguns especialistas de mercado, que tenho conversado, afirmam que a ação tem capacidade de mudar, por curto tempo, a tendência de mercado. A maior parte (eu também) acredita que a entrada deve apenas estabilizar o cenário mercadológico.
A utilização da expressão “tendência” é sempre discutível. Não há tendência no mercado do boi gordo de grandes ganhos. Contudo, a redução de oferta de animais e o ritmo acelerado de exportações trazem um cenário de alta para a arroba. O consumo doméstico em 2024 é melhor que nos últimos anos, não há dúvidas, mas os dados preliminares da Abras não mostram ainda explosão de demanda no ano.
Por outro lado, a consultoria Agro do Itaú BBA, em seu relatório “Visão Agro” divulgado nesta segunda-feira, 26 de agosto, mostra que o consumo per capita de carne bovina no Brasil deve retornar ao patamar recorde de 32 kg/habitante, registrado em 2013. De acordo com documento, o crescimento é impulsionado pela produção de carne bovina, que deve aumentar cerca de 15% em 2024, superando as 10 milhões de toneladas em equivalente carcaça. Esperamos que se confirme no cenário!!
Outras informações relevantes neste relatório mostram que as exportações devem crescer 20%, atingindo 3,4 milhões de toneladas (em linha com a expectativa do USDA – Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, que destaquei em nossa coluna no mês de janeiro), fator que permite uma expansão da oferta interna de carne bovina em torno de 13%.
O “Visão Agro” afirma ainda que após anos de pressão sobre os preços pecuários e margens reduzidas para os produtores, o cenário começa a se reverter. O Itaú BBA projeta um aumento no volume de gado confinado no segundo semestre de 2024, impulsionado pelo baixo custo da ração, do boi magro e pelas boas oportunidades de fixação de preços no mercado futuro.
Para o próximo ano, a expectativa é de recuperação no mercado de cria, uma vez que 2024 marcará o terceiro ano consecutivo de aumento dos abates de fêmeas.