19/07/2024 às 08h19min - Atualizada em 19/07/2024 às 08h19min

Real fraco motiva a China a acelerar as compras de soja no Brasil

Cargas brasileiras podem ampliar o excesso de oferta do grão e reduzir a participação de mercado dos Estados Unidos

- Da Redação, com Canal Rural

A China intensificou as compras de soja do Brasil, aproveitando a desvalorização do real. Nas duas primeiras semanas de julho, foram encomendados 75 embarques, que representam 4,5 milhões de toneladas do grão, segundo uma reportagem da Bloomberg. As cargas devem ser entregues principalmente em agosto, mas também há programação de remessas para 2025.

Nos primeiros cinco meses deste ano, as compras da oleaginosa pelo gigante asiático cresceram 23%, enquanto as dos Estados Unidos diminuíram quase pela metade. De acordo com analistas, a estratégia chinesa visa mitigar os riscos de uma possível guerra comercial, caso Donald Trump volte ao poder, sentimento cada vez mais forte no mercado e acentuado após o candidato republicano sofrer um atentado no último sábado, 13.

Os volumes de exportação não estão fora do normal para esta época do ano, mas a rapidez com que os negócios estão sendo fechados denota que a China busca tirar vantagem da desvalorização da moeda brasileira, que enfraqueceu em mais de 10% de janeiro até agora. O anúncio da primeira compra de soja dos Estados Unidos – que deve começar a ser colhida em setembro – foi feito pelos asiáticos vários meses depois do usual e em volume inferior ao esperado pelo mercado. Com isso, os contratos em Chicago são negociados nos menores valores desde 2020.

Analistas dizem que as cargas brasileiras podem ampliar o excesso de oferta na China e, consequentemente, reduzir a participação de mercado dos Estados Unidos justamente no período de pico dos embarques norte-americanos. As esmagadoras de soja chinesas tendem a desacelerar as compras a partir do quarto trimestre por conta dos estoques altos e da baixa demanda por ração animal no período, visto que o rebanho suíno do país reduziu devido à baixa no consumo de carne e baixa lucratividade dos produtores.

 

 

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