26/06/2024 às 09h31min - Atualizada em 26/06/2024 às 09h31min
Mais Arrobas com Pastagens e Bem-Estar Animal
João Menezes
Foto: Gabriel Rezende Faria / Embrapa O bem-estar animal sempre foi preocupação do produtor, mas os estudos mais recentes mostram que esse tema deixou de ser somente uma preocupação e se tornou uma tecnologia de melhorar a produtividade. Sombra, água de qualidade, pastos menores e melhores, manejo mais racional tem resultado em melhor desempenho animal.
Em sistemas de pastagens, existem muitas situações que podem prejudicar o bem-estar animal desde fome, sede, calor excessivo, frio intenso e predadores e nessas condições, os animais estão sujeitos à perda de condição corporal, podem comprometer a função imunológica, aumentando os riscos de saúde animal.
Os principais fatores a serem levados em consideração são a qualidade do pasto e da água. Pastagens grandes, com pouca forragem, má distribuição de aguadas e estas, de qualidade duvidosa, com presença de contaminantes podem prejudicar o desempenho e a saúde animal.
Pastagens com total ausência de árvores e sua sombra podem, em situações de calor extremo, proporcionar estresse térmico que pode causar alterações metabólicas, imunossupressão e até mesmo a morte do animal. O estresse por calor pode afetar a ovulação e expressão do cio, enquanto o aumento da sede e desidratação, podem ocasionar fadiga muscular e provocar risco de lesões. Por fim, em regiões de altas temperaturas é recomendado o acesso a sombra pelos animais, seja de forma natural ou construída.
Em regiões de temperaturas baixas, principalmente, em sistemas de cria, com nascimentos de bezerros nas épocas frias, também fornecer ambientes de aquecimento ou presença de quebra ventos para diminuir estresse e perdas de animais.
Algumas estratégias podem ser utilizadas no intuito de melhorar o bem-estar animal em sistemas de produção à pasto. A seleção de animais mais adaptados ao ambiente climático da região e animais mais resistentes às doenças específicas podem ajudar a melhorar o bem-estar. Adotar um manejo de supervisão constante dos animais a campo, bem como utilizar cães de guarda e cerca elétrica para reduzir a ação de predadores.
Animais com comportamento mais dócil e com maior contato com pessoas tendem a ter melhores resultados de desempenho. Em experimento realizado no Uruguai, os dados mostraram dois fatos, animais com maior contato com gente ficam mais dóceis e melhoram desempenho (Figura 1).
Figura 1 - Ganho de peso médio diário (ADG), segundo o índice de temperamento. Um maior índice de temperamento implica em um animal mais tranquilo. Onde: T1 = pastagem, T2 = pastagem + 0,6% de suplemento, T3 = pastagem + 1,2% de suplemento e T4 = confinamento (Sant’Anna et al, 2016).
O fornecimento de alimentos e suplementação mineral, além de melhorar o aporte de nutrientes e o desempenho animal, quando respeitam uma constância de fornecimento, podem contribuir para a criação de uma memória afetiva positiva, onde os animais se acostumam com a rotina e a presença de pessoas, além do que, a alimentação adequada permite aos animais terem suas necessidades nutricionais melhor atendidas, mesmo em pastagens com pouca forragem ou de menor valor nutricional.
Os animais quando produzidos em situação de bem-estar, livres de fome e sede, livre de desconforto, livres de dor ou doença e ausência de medo são mais eficientes e produtivos.
