Foto: reproduçãoAs condições climáticas adversas no Hemisfério Norte estão no centro das atenções dos mercados globais de grãos. Safras de verão, incluindo trigo, arroz e milho, enfrentam desafios devido ao clima, levantando dúvidas sobre o tamanho das ofertas que atenderão à demanda mundial. Meteorologistas alertam para um calor intenso previsto para os Estados Unidos, especialmente na costa leste, onde temperaturas acima de 35ºC já foram registradas.
Partes da Ásia e da África também sofrem com condições climáticas desfavoráveis. Na China, um quarto das áreas de planícies enfrenta stress hídrico, prejudicando a polinização do milho com temperaturas acima de 37ºC, conforme dados do Commodity Weather Group (CWG). A estimativa é que 2024 será um dos cinco anos mais quentes da história, o que contribui para a intensa volatilidade nos mercados futuros, especialmente os agrícolas.
O mercado do café conilon, por exemplo, atingiu máximas históricas na Bolsa de Londres devido à seca no Vietnã, refletindo no mercado do arábica na Bolsa de Nova York. O arroz é outro produto com trajetória de alta intensa nos preços, devido aos desequilíbrios na oferta e demanda globais. Chuvas intensas na China em abril causaram perdas nas lavouras de arroz, afetando também os mercados da Índia e Tailândia, onde os preços atingiram máximas de 15 anos.
Na Rússia, mais de um milhão de hectares sofreram prejuízos por geadas e seca, prejudicando o trigo. No entanto, as condições melhoraram, fazendo os preços recuarem. Segundo o CWG, um quarto das áreas produtoras de trigo e milho ainda enfrenta secas severas, com chuvas previstas apenas para o sul do país nos próximos dias.
Em contrapartida, a União Europeia prevê melhores condições, com expectativas de safras recordes na Romênia e Bulgária. Na França, o excesso de chuvas preocupa os produtores, enquanto o trigo da região do Mar Negro se mostra mais competitivo em relação a outros concorrentes.
Na Bolsa de Chicago, os futuros do trigo registraram baixas intensas, com os contratos de julho e dezembro fechando a US$ 5,80 e US$ 6,22 por bushel, respectivamente. O avanço da colheita da safra de inverno e o plantio do trigo de primavera nos EUA contribuem para essa pressão, apesar de condições climáticas favoráveis aos trabalhos de campo.
Os preços da soja e do milho encerraram o pregão de terça-feira em campo positivo, mas perderam ritmo ao longo do dia. A soja de julho subiu 14,75 pontos, atingindo US$ 11,72 por bushel, enquanto o contrato de novembro teve apenas 1,75 ponto de alta. As melhores condições climáticas no Corn Belt limitam os ganhos.
Oportunidades para pro dutores brasileiros
Para os produtores brasileiros, essas especulações climáticas podem oferecer oportunidades importantes de comercialização.
"A queda de 2% nas condições boas/excelentes das lavouras de soja e milho, divulgada no Crop Progress, é um ponto de atenção. Illinois, por exemplo, perdeu 8% da soja e 9% do milho em condições boas/excelentes. As previsões continuam indicando altas temperaturas, com máximas entre 30ºC e 34ºC no sul e leste do Corn Belt", explicou Ginaldo Sousa, analista de mercado e diretor do Grupo Labhoro.
