06/06/2024 às 10h45min - Atualizada em 06/06/2024 às 10h45min

Cientistas dizem que as mudanças climáticas aceleram de forma assustadora

Estudo revela que o planeta está aquecendo muito mais rápido do que o previsto, exigindo ações urgentes para evitar consequências desastrosas

Fred Almeida - Com SBPC e CNN Brasil
Foto: reprodução
Um novo estudo liderado pelo cientista James Hansen, responsável por alertar o mundo sobre o aquecimento global na década de 1980, revela que o planeta está se aquecendo muito mais rápido do que os modelos científicos haviam previsto anteriormente.

A pesquisa, publicada na revista Oxford Open Climate Change, alerta que a Terra é muito mais sensível às alterações climáticas do que se imaginava. Usando uma combinação de dados paleoclimáticos, modelos climáticos e observações, os cientistas concluíram que o aquecimento global está avançando em um ritmo alarmante.

Segundo o estudo, o limite de 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, considerado o máximo seguro pelos especialistas, deverá ser ultrapassado ainda nesta década. E o aquecimento pode chegar a superar 2°C antes de 2050, cenário catastrófico para a humanidade.

"Estamos na fase inicial de uma emergência climática", alerta o documento, prevendo uma onda de calor "já em preparação" que empurrará rapidamente as temperaturas globais para além do previsto.

Esse acelerado aquecimento, afirmam os pesquisadores, está relacionado à redução da poluição atmosférica por partículas, principalmente na China. Embora esse tipo de poluição seja nociva à saúde, ela também tinha um efeito "refrescante" ao refletir parte da luz solar. Com a diminuição dessa poluição, o desequilíbrio energético do planeta se agravou.

"O limite de 1,5°C é mais mortal do que um prego. E o limite de 2°C só pode ser resgatado com a ajuda de ações intencionais", alerta Hansen, um dos autores do estudo.

Suas recomendações incluem a tributação da poluição por carbono, o aumento da energia nuclear para complementar as renováveis e uma forte ação dos países desenvolvidos para ajudar os em desenvolvimento a migrarem para energias limpas. Mas os pesquisadores vão além, sugerindo até mesmo o uso de geoengenharia solar para resfriar o planeta.
 
Essa tecnologia controversa visa refletir a luz solar para longe da Terra ou permitir que mais calor escape para o espaço, por meio da injeção de aerossóis na atmosfera ou da pulverização de partículas de sal nas nuvens. Embora possa surtir efeito, os críticos alertam para consequências imprevisíveis.

Apesar da urgência mostrada pelo estudo de Hansen, alguns cientistas questionam a aceleração do aquecimento apontada pela pesquisa. Michael Mann, da Universidade da Pensilvânia, afirma que, embora a superfície da Terra e os oceanos estejam aquecendo, os dados não comprovam a alegação de que a taxa de aquecimento está se acelerando.

"Como gosto de dizer, a verdade já é ruim o suficiente. Não há evidências de que os modelos estejam subestimando o aquecimento causado pelo homem", declarou Mann.

Seja qual for a exata taxa de aquecimento, um ponto é consenso entre os especialistas: se medidas drásticas não forem tomadas imediatamente, as consequências serão catastróficas. Ondas de calor, secas, inundações e a elevação do nível dos oceanos colocarão em risco a vida de milhões de pessoas em todo o mundo.

"O planeta está ficando 3°C mais quente. Caso medidas não sejam tomadas com urgência, o aquecimento da Terra só irá aumentar", alerta o professor Paulo Artaxo, do Instituto de Física da USP.

Artaxo ressalta que o Brasil tem condições ideais para ser pioneiro na redução das emissões de gases do efeito estufa, já que o desmatamento da Amazônia é responsável por 44% das nossas emissões. Mas, para isso, é necessário um planejamento estratégico de longo prazo por parte dos governos, em conjunto com empresas e a sociedade.

O futuro do planeta depende de ações urgentes e coordenadas. Caso contrário, as mudanças climáticas aceleradas trarão consequências devastadoras para a humanidade.
 

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