22/05/2024 às 09h35min - Atualizada em 22/05/2024 às 09h35min

Mais arrobas com engorda de bezerros leiteiros

João Menezes
Foto: Arquivo pessoal
O sistema de engorda confinada de machos leiteiros está em alta nos EUA, principalmente pela escassez de bezerros de corte, mas também pela oferta elevada de bezerros nas grandes propriedades de leite. A novidade é a inseminação de parte das vacas leiteiras com raças de corte para a produção de animais com maior aptidão para produção de carne. No Brasil, é comum o produtor de leite utilizar a genética nelore e outros zebus nas vacas de leite comum para a produção de bezerros melhores para o corte e melhorar preço de venda das desmamas.
 
O sistema americano consiste no confinamento dos machos leiteiros desde a desmama até o abate. A primeira fase consiste na recria dos animais em propriedades especializadas que tratam dos bezerros desde os primeiros dias até obter peso de 300 - 320 kg quando então são confinados em propriedades especializadas na engorda confinada.
 
Dependente do sistema de criação e do frigorífico, no Brasil, o peso mínimo de abate tem de atender às exigências do mercado, que na maioria pede pelo menos 420 a 450 kg – 15@. No sistema de criação americano, onde é predominante o novilho precoce ou super precoce, os pesos de abate variam de 630 a 650 kg ou para os vitelos que são abatidos mais leves e mais novos, 12 meses ou menos de idade e com 300 a 360 kg de peso vivo, atendendo a nichos de mercado próximos aos grandes centros consumidores.
 
Em trabalho que se avaliou o ganho médio diário de peso vivo, rendimento de carcaça, medida da gordura subcutânea, tipificação da carcaça e análise econômica com animais provindos de cruzamento de raças leiteira e de corte, os animais tinham peso inicial de 320,5 kg para as fêmeas e 337,5 kg para os machos e usando uma dieta rica em volumoso (44% da MS), o peso final foi de 509,5kg nas fêmeas e 494,5 kg nos machos, com ganho médio diário observado de 1,15 kg para as fêmeas e 1,05 kg para os machos e rendimento de carcaça das fêmeas de 46,6% e dos machos 46,8% (Tabela 1). De acordo com a avaliação do frigorífico, as carcaças foram tipificadas como boas.
 
A utilização de raças de corte em parte das vacas de leite favorece produção de animais com melhor aptidão para carne, melhorando desempenho, rendimento de carcaça, qualidade de carne, favorecendo a comercialização desses bezerros (as) e melhorando a renda média da propriedade.
 
A opção pela recria ou não dos animais depende do sistema de produção de cada propriedade, porém com a especialização da atividade leiteira, normalmente a venda dos bezerros imediatamente após o nascimento ou mais tardar na desmama, favorece o operacional da propriedade e a eficiência de uso da terra priorizando a produção de leite.


Tabela 1 - Médias de ganho de peso vivo e rendimento de carcaça de bovinos meio sangue Red Angus x Holandês e Red Angus x Jersey terminados em confinamento (Campioni et al., 2020).

A engorda de machos leiteiros é uma alternativa para aumento da oferta de bezerros (as) para a recria e engorda, porém como a qualidade no animal normalmente proporciona desempenho inferior no confinamento, a viabilidade se dá com preços menores que aqueles alcançados pelas raças puras de corte. O sistema é dinâmico e a oferta é determinante nos preços desses animais.
 
Os resultados demonstram a viabilidade de uso de animais provenientes do cruzamento de raças bovinas de corte e de leite para produção de carcaça de qualidade, além de demonstrarem ganho econômico quando o produtor opta por utilizar desse tipo de cruzamento como uma segunda fonte de ganho para sua propriedade.

 

Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Comentar

*Ao utilizar o sistema de comentários você está de acordo com a POLÍTICA DE PRIVACIDADE do site https://canalpecuarista.com.br/.