16/05/2024 às 13h02min - Atualizada em 16/05/2024 às 13h02min

Tragédia no Rio Grande do Sul intensificada por mudanças climáticas, alertam especialistas

Cientistas afirmam que apenas uma mudança radical de postura em relação ao aquecimento global pode frear eventos extremos como as enchentes no estado

Fred Almeida - Da Redação Com UFRGS e A. Brasil
Foto: redes sociais
Um estudo recente confirmou que as mudanças climáticas tiveram papel decisivo na intensificação da tragédia que assolou o Rio Grande do Sul nas últimas semanas. Especialistas ouvidos pela pesquisa alertam que apenas uma mudança de postura radical em relação ao aquecimento global pode evitar a repetição de eventos climáticos extremos como as enchentes que causaram destruição e mortes no estado.

O meteorologista Carlos Nobre, referência mundial em estudos ambientais, explicou que o aumento da frequência e intensidade de fenômenos como chuvas intensas, secas prolongadas e ondas de calor está diretamente relacionado ao aquecimento global provocado pela ação humana. Segundo Nobre, o que antes ocorria uma vez a cada década, hoje se repete a cada dois anos.

"Não é algo raro que vai acontecer a cada cem anos, não é um fenômeno extremo raríssimo. As mudanças climáticas – devido ao aquecimento global causado por gases do efeito estufa que lançamos na atmosfera – são a razão para que eventos extremos estejam se tornando mais frequentes e batendo recordes", alertou o especialista.

O professor de climatologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), José Marengo, reforçou a necessidade urgente de redução das emissões de gases poluentes e implementação de medidas de adaptação às mudanças climáticas. Ele destacou que, mesmo com a zerar as emissões até 2050, o aquecimento global continuará por décadas devido à inércia do sistema climático.

"Não há a menor dúvida de que esses eventos, que já estão acontecendo, não têm volta. As emissões continuam aumentando, e existe até grande probabilidade que o aumento da temperatura ultrapasse 2ºC e não fique em 1,5ºC. A busca por soluções de adaptação não é mais um plano futuro, é um plano passado, que já devia estar ocorrendo no mundo inteiro, com muito mais rapidez e eficiência", alertou Marengo.

Especialistas pontuam que, além da redução de emissões, é urgente implementar sistemas de alerta, remover populações de áreas de risco e investir em infraestrutura resiliente para evitar a repetição de tragédias como a do Rio Grande do Sul. Somente uma ação coordenada e determinada pode frear os impactos das mudanças climáticas, afirmam os cientistas.


 
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