21/03/2024 às 09h28min - Atualizada em 21/03/2024 às 09h28min

Copom reduz juros básicos da economia para 10,75% ao ano

Queda de 0,5 ponto percentual era esperada pelo mercado financeiro

- Da Redação, com Agência Brasil
Foto: Antônio Cruz / Agência Brasil
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu a taxa Selic, juros básicos da economia, por decisão unânime nesta quarta-feira (20). A decisão, que já era esperada pelo mercado financeiro, levou a uma queda de 0,5 ponto percentual no índice, para 10,75% ao ano.
 
Em comunicado, o comitê informou que outra baixa de 0,5 ponto deve ser realizada na próxima reunião, programada para maio deste ano. Este cenário aumenta as probabilidades de autoridades pausarem o ciclo de cortes a partir de junho.
 
Ainda segunda o Copom, o cenário para inflação segue sem alterações e com chances iguais para novas altas e baixas. A persistência das pressões inflacionárias globais e o aquecimento do setor de serviços podem causar elevações, enquanto a desaceleração da economia mundial maior que a projetada e os impactos da alta de juros em outros países podem levar a queda.
 
A taxa está no menor nível desde março de 2022, quando também estava em 10,75% ao ano. De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, num ciclo de aperto monetário que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis.
 
A Selic tinha sido reduzida para 2% ao ano antes do início do ciclo de alta, no nível mais baixo da série histórica iniciada em 1986.

Inflação
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em fevereiro, o indicador ficou em 0,83% e acumula 4,5% em 12 meses. Após sucessivas quedas nos últimos meses, a inflação voltou a subir levemente por causa de alimentos e de serviços de educação.
 
O índice em 12 meses está exatamente no teto da meta de inflação. Para 2024, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou meta de inflação de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, não podia superar 4,5% nem ficar abaixo de 1,5% neste ano. 
 
No Relatório de Inflação, divulgado no fim de dezembro pelo Banco Central, a autoridade monetária manteve a estimativa de que o IPCA fecharia 2024 em 3,5% no cenário base. A projeção, no entanto, pode ser revista na nova versão do relatório, que será divulgada no fim de março.
 
As previsões do mercado estão mais otimistas que as oficiais. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano em 3,79%, abaixo do teto da meta. Há um mês, as estimativas do mercado estavam em 3,82%.

Crédito mais barato
A redução da taxa Selic ajuda a estimular a economia, uma vez que as baixas dos juros barateiam o crédito e incentivam a produção e o consumo. Por outro lado, taxas mais baixas dificultam o controle da inflação. No último Relatório de Inflação, o Banco Central reduziu para 1,7% a projeção de crescimento para a economia em 2024.
 
O mercado projeta crescimento um pouco melhor. Segundo a última edição do boletim Focus, os analistas econômicos preveem a expansão de 1,8% do PIB em 2023.
 
A taxa básica de juros é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

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