08/03/2024 às 09h35min - Atualizada em 08/03/2024 às 09h35min

Pecuária sustentável e ILPF atraem a atenção do mundo

Em 2023, esses temas despertaram o interesse de delegações de 37 países que visitaram a Embrapa Pecuária Sudeste.

André Luiz Casagrande
Foto: Reprodução
Os sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta ou ILPF estão no radar do planeta, como estratégia sustentável de produção, por vantagens como aumento de produção e produtividade, diversificação da renda, melhor oferta de produtos ao longo do ano, ganho em bem-estar animal. Essa tecnologia tropical, permite produzir duas ou mais safras na mesma área, fazendo a rotação ou consórcio de culturas, forragens e árvores.
 
Somente esses incentivos já seriam um grande diferencial. Mas há também vantagens ambientais, que os estudos da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos/SP) e seus parceiros têm mostrado, segundo Alberto Bernardi, chefe-geral da unidade.
 
“Esses benefícios são chamados de serviços ambientais e são resultados da melhoria da qualidade do solo sob ILPF. Incluem provisão e regulação do fornecimento de água, controle das emissões de gases de efeito estufa, armazenamento de carbono, ciclagem de nutrientes, manutenção da biodiversidade e controle biológico”, esclarece.
 
“Muitas vezes, esses benefícios são associados a ecossistemas com vegetação natural, mas os estudos mostraram que nos sistemas ILPF é possível ter tudo isso conciliando produtividade com qualidade ambiental”, acrescenta o pesquisador, lembrando que a pecuária sustentável tem atraído a atenção de todo o mundo, inclusive motivando visitas de delegações internacionais à Embrapa Pecuária Sudeste.
 
Em 2023, por exemplo, a unidade recebeu 196 visitantes estrangeiros, em 18 missões, representando 37 países dos cinco continentes: África (29%), Ásia (27%), América (22%), Europa (14%) e Oceania (8%). “Todos passaram pelos sistemas ILPF”, conta.
 
Bernardi relata que na área experimental da unidade atualmente há mais de 50 hectares cultivados com diferentes arranjos dos sistemas ILPF. “São áreas estabelecidas para pesquisa, mas também para transferência de tecnologias, onde os visitantes podem conhecer os sistemas em funcionamento. São várias equipes e especialistas em solos, pastagens, clima, produção animal atuando em conjunto e de forma complementar”, diz o pesquisador.
 
Durante as visitas aos sistemas ILPF, Bernardi informa que é mostrado aos visitantes que os sistemas ILPF podem recuperar áreas com pastagens degradadas, reduzir a erosão do solo, minimizar a pressão para abertura de novas áreas de cultivo, além de proteger encostas e topos de morros, bem como as nascentes. “Tudo isso, associado às melhorias das propriedades físicas, químicas e biológicas do solo, com aumento da ciclagem e eficiência na utilização dos nutrientes, aumento do estoque de carbono no solo, e redução de emissão de gases de efeito estufa”, completa.
 
Na visão do pesquisador, o mais importantes é mostrar que no Brasil há disponível para produtores e técnicos os conhecimentos para produzir mais e melhor, garantindo segurança alimentar, com grandes vantagens ambientais.
 
“Isso funciona também para combater uma imagem equivocada de que produção agropecuária está dissociada da preservação ambiental. Sistemas ILPF comprovam que é possível, e necessário, aliar a preservação e conservação do meio ambiente com a produção”, reforça.
 
Conforme Bernardi, durante as visitas há também é possível estabelecer parcerias internacionais e elaborar novos projetos em conjunto, além de promover a transferência de tecnologias, ‘pois as estratégias de ILPF são adaptáveis a várias regiões ou biomas, desde sejam consideradas particularidades como clima, solo, vegetação natural e mercado de cada uma dessas regiões.”
 
Por fim, o chefe-geral da Embrapa Pecuária Sudeste lembra que a agricultura brasileira avançou muito em direção à sustentabilidade, desenvolvendo e implantado as práticas da fixação biológica de Nitrogênio (N), controle biológico e plantio direto, além de investir cada vez mais em biotecnologia, tecnologias digitais, nanotecnologia e bioeconomia. “Os sistemas ILPF comprovam que a intensificação sustentável pode ser alcançada, unido altas produtividades com preservação ambiental”, arremata.

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