A glicerina, um coproduto da produção de biodiesel, tem sido estudada como uma alternativa para a alimentação de bovinos. Com a crescente produção de biodiesel, a oferta de glicerina no mercado tem aumentado.
A glicerina pode ser uma alternativa promissora para substituir alimentos energéticos tradicionalmente utilizados nas rações animais, devido ao seu elevado valor energético e sabor adocicado. Além disso, o uso de glicerina na alimentação animal pode reduzir os custos da dieta, devido ao aumento da oferta do produto no mercado.
Estudos mostraram que dietas com glicerina resultaram em menores concentrações de extrato etéreo e carboidratos não fibrosos, o que levou a uma redução linear no consumo desses nutrientes. No entanto, é importante notar que a inclusão de glicerina na dieta dos bovinos deve ser feita com cuidado, pois pode alterar a microbiota ruminal.
No Brasil, alguns trabalhos têm avaliado a inclusão de glicerina na dieta de bovinos em terminação. A Tabela 1 apresenta uma compilação dos diferentes trabalhos com inclusão de glicerina à dieta de bovinos em terminação. A inclusão de glicerina à dieta, não alterou o ganho de peso diário, com tendência de aumento na área de olho de lombo e aumento linear no rendimento de carcaça quente, podendo ou não afetar consumo de matéria seca.
A inclusão de glicerina bruta associada a ureia não produziu efeitos negativos sobre o consumo, desempenho e características de carcaça e carne de novilhas da raça Nelore terminadas em confinamento (Tabela 1). As dietas foram eficientes à categoria animal utilizada que puderam expressar seu potencial genético, pois em todos os parâmetros avaliados apresentou-se de forma adequada e satisfatória, com ótimo desempenho e produção de carne de qualidade (D’Áurea, 2010).
Atualmente, em ruminantes devido à presença do glicerol, a glicerina tem se caracterizado como potencial e promissora fonte energética, principalmente em substituição a fontes ricas em amido. Em dietas de alto concentrado, o intervalo para inclusão da glicerina estaria entre 10 e 15% na matéria seca (MS) da dieta.
Os efeitos da glicerina sobre consumo de matéria seca ainda são contraditórios, porém os resultados de desempenho produtivo têm demonstrado que este é um alimento promissor. Assim, a glicerina apresenta-se como boa alternativa alimentar, especialmente em substituição ao milho da dieta de bovinos de corte e seu nível de inclusão deverá ser pautado principalmente em função da qualidade dela, com pouco ou mais resíduos contaminantes e uma análise econômica de sua inclusão ou não à dieta. Em função da qualidade variável da glicerina disponível no mercado, é necessário que haja maior padronização do material fornecido para evitar surpresas em seu uso.
Tabela 1 - Consumo de matéria seca (CMS), ganho médio diário (GMD) e eficiência alimentar (EA) de bovinos de corte terminados em confinamento, com inclusão de glicerina às dietas, no Brasil. (Paiva et al, 2015).
Em resumo, a glicerina, proveniente da produção de biodiesel, pode ser uma alternativa viável e econômica na alimentação de bovinos.
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