​Brasil supera recorde na produção de carne bovina com 8,91 milhões de toneladas em 2023

Análise aponta oferta abundante e desafios para a demanda no mercado da proteína bovina

Foto: Reprodução

A produção de carne bovina atingiu níveis recordes em 2023, de acordo dados preliminares revelados por estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), corroborando a percepção de uma oferta acima da demanda ao longo do ano passado. Pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), vinculado à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), analisaram os números e apontam para um cenário de comportamento predominantemente em queda dos preços do boi e da carne no atacado.

Segundo o IBGE, foram produzidas 8,91 milhões de toneladas de carne bovina em 2023, representando um aumento de 11,2% em relação ao ano anterior e superando em 8,6% o recorde anterior, estabelecido em 2019. Esse aumento na produção contrasta com um crescimento mais modesto nas exportações, que aumentaram em apenas 22,8 mil toneladas, atingindo 2,29 milhões de toneladas e absorvendo 25,7% da produção nacional.

Com um "excedente" de carne no mercado interno, os preços foram reduzidos para equilibrar a oferta e a demanda. Ao longo de 2023, o Indicador do Boi Gordo CEPEA/B3 registrou uma queda de 12%, enquanto a carcaça casada de boi no atacado da Grande São Paulo se desvalorizou em 9%.

Embora o volume de carne tenha sido histórico, a produtividade média do rebanho nacional mostrou um leve declínio em comparação com os anos anteriores, atingindo 262,97 quilos por animal. Esse cenário, segundo os pesquisadores do Cepea, é resultado de uma combinação de fatores conjunturais, como a estiagem em muitas regiões produtoras e a desaceleração dos confinamentos devido aos altos preços dos grãos.

Apesar do recorde de produção, a produtividade de 2023 foi 1,7% menor que a de 2022 e 2,7% inferior ao recorde de 2021. No entanto, o quarto trimestre de 2023 registrou um aumento na produção, alcançando 2,407 milhões de toneladas de carne bovina, o melhor trimestre do ano.

O aumento dos abates também foi notável, com 33,9 milhões de cabeças abatidas no ano passado, um aumento de 13,2% em relação a 2022. Destaca-se a participação significativa de fêmeas nos abates, refletindo a desvalorização contínua dos bezerros e a demanda chinesa por animais jovens.

No geral, a produtividade média tem aumentado em resposta aos investimentos em genética, pastagens, suplementação e sanidade, além do crescimento dos confinamentos, que têm alterado o perfil da pecuária nacional. Essas estruturas têm produzido lotes mais padronizados e de boa qualidade, oferecendo eficiência e poder de negociação no mercado.