20/02/2024 às 09h07min - Atualizada em 20/02/2024 às 09h07min
Exportações de carne bovina dos EUA terão forte queda entre 2024 e 2028
Fabiano Reis
Foto: Reprodução Há uma certa “tranquilidade” no mercado de pecuária bovina de corte brasileiro. Os elementos que pesam a favor ou contra na balança têm apresentado equivalências relevantes ao setor. A indústria teve uma certa redução na sua escala garantida de abates, mas ainda é boa e não tem sido difícil realizar novas aquisições. Também, o pecuarista mantém o foco, não apresenta concessões de preços e o mercado fica equilibrado.
Outros fatores destaco para o artigo desta semana em nossa coluna “De Olho no Mercado” entre eles a oferta e demanda de carne bovina no atacado e varejo, movimentações interessantes. As exportações brasileiras em 2024, robustas em volume e também, vou repetir o termo na mesma oração, a “exportação em 2024” dos Estados Unidos que devem ser a menor dos últimos 10 anos.
Explicado os temas de abordagem do artigo da semana, começo a acessá-los em ordem inversa ao apresentado nos primeiros parágrafos. Quero escrever, falar, sobre exportações de carne bovina dos Estados Unidos ou, a não exportação em 2024. Não faz muito tempo escrevi por aqui que os norte-americanos têm o menor rebanho bovino desde 1951 e deixava clara minha percepção de que o cenário traria oportunidades para o Brasil elevar seus embarques para este país e, quem sabe, até para seus principais e mais exigentes clientes como Japão e Coreia do Sul. Lembra?
Pois o USDA - Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, trouxe mais um levantamento, interessantíssimo, falando sobre a expectativa de embarques nos próximos anos para as carnes de frango, suína e bovina. Vou resumir os dois primeiros tipos de cortes, a carne suína dos EUA deve elevar muito os embarques até 2033 e superar as vendas internacionais do país de carne de frango em 2028. Dito isso, vou ao tema que, de fato, animou muito, não só por confirmar as expectativas por aqui já escritas, mas, principalmente, por comprovar que vai haver mais mercado para a carne bovina brasileira.
Os norte-americanos, de acordo com o USDA, vão exportar em 2024 1,28 milhões de toneladas de carne bovina, de acordo com o levantamento Agricultural Baseline Projections, assinado por Brian Willians, Erik Dohlman e Matthew Miller, os EUA devem atingir o mais baixo nível de embarques em oito anos. O documento, publicado no último dia 15 de fevereiro, afirma ainda que as exportações despencam ainda mais em 2025 e devem registrar 1,23 milhões de toneladas. Acompanhando o gráfico do estudo os números vão permanecer deprimidos para os norte-americanos até 2028, mas com alguma recuperação. Entre 2029 e 2031 melhora a participação dos EUA no mercado internacional de carne bovina e voltam a recuar em 2032.
Por aqui, as exportações brasileiras de carne bovina totalizaram, de acordo com a Secex, 104,9 mil toneladas embarcadas até o fechamento da terceira semana de fevereiro de 2024, com média diária 49,5% superior ao mesmo período no ano passado, com a marca de 10,4 mil toneladas/dia. O valor da tonelada é US$ 4.536, 6,5% menor que o preço praticado em fevereiro/23.
Para encerrar, os preços da arroba seguem com muita estabilidade em praticamente todas as praças. Houve uma melhora considerável no consumo de carne bovina o que mudou, para baixo, o peso da carne bovina estocada nas câmaras frigoríficas no país. Este volume deve ser, lentamente, reposto, o que explica a “tranquilidade” da indústria nas aquisições de animais para abate.