19/01/2024 às 09h42min - Atualizada em 19/01/2024 às 09h42min
Mesmo crescimento econômico, chineses acreditam que país passa por uma recessão
Economia chinesa registrou alta de 5,2%, mas cidadãos enfrentam desemprego e desvalorização do mercado imobiliário
- Da Redação, com CNN Brasil
Foto: Reprodução Apesar de um crescimento econômico de 5,2% em 2023, a China enfrenta uma crise de confiança que impacta diretamente o dia a dia de seus cidadãos. Melody Zhang, uma graduada da renomada Universidade Renmin, comenta a batalha vivida pelos jovens chineses em busca de emprego, em meio a uma crise que ela descreve como uma "tortura interminável".
Com um recorde de 2,6 milhões de candidatos competindo por 39.600 empregos no governo, a crise de desemprego entre os jovens atinge níveis alarmantes. A desconfiança na economia desencoraja consumidores a gastar, enquanto empresas hesitam em contratar e investir, gerando um ciclo que pode corroer o potencial econômico de longo prazo.
Para muitos, a percepção de recessão é evidente no dia a dia. Proprietários de imóveis veem a desvalorização de seus apartamentos, e trabalhadores sentem uma redução nos salários, contribuindo para a sensação de encolhimento econômico. O professor Zhu Tian, da China Europe International Business School, afirma que, embora a definição técnica de recessão não se aplique completamente, sete em cada dez pessoas diriam que o país teve um ano difícil.
O desemprego entre os jovens atingiu um recorde, com mais de um em cada quatro chineses de 16 a 24 anos desempregado. A Geração Z chinesa mostra-se a mais pessimista em pesquisas, enquanto aqueles que conseguem emprego recebem salários inferiores às expectativas, refletindo o corte de custos pelas empresas em resposta à demanda interna fraca.
A crise imobiliária adiciona mais pressão à economia, visto que os imóveis, que já representaram cerca de um quarto da atividade econômica, agora são percebidos como uma ameaça ao desenvolvimento econômico de longo prazo. O mercado imobiliário está saturado, e muitos enfrentam dificuldades em atrair interesse de aluguel ou compra.
Além dos desafios econômicos internos, as tensões diplomáticas com o Ocidente e as restrições tecnológicas impostas pelos EUA complicam ainda mais o cenário. David Fincher, consultor em Xangai, pondera sobre a possibilidade de mudar-se para o exterior, temendo que tensões diplomáticas ou novas regulamentações possam tornar seu negócio insustentável.
Enquanto a China enfrenta esse período desafiador, os cidadãos lidam com incertezas e preocupações, contribuindo para uma atmosfera de desconfiança e apreensão em relação ao futuro econômico do país.