A pecuária bovina de corte segue com movimentações no mercado do boi gordo, com algumas pequenas oscilações, mas que devolvem os valores para a métrica inicial. Estabilidade é a palavra de ordem em um ambiente no qual as escalas industriais estão na marca de 15 dias, em média, que o volume de animais prontos para o abate é baixo, no qual a expectativa no centro-sul brasileiro de melhora nas pastagens no curto prazo também é pequena, o que traz marcante equilíbrio de forças no momento.
A publicação deste artigo em nossa coluna é no dia 16 de janeiro de 2024, significa que parte robusta dos compromissos financeiros da população brasileira chegaram. Matrícula escolar (para quem tem filhos em escolas privadas), o IPTU, IPVA, seguros, etc. O fato é que a última quinzena do mês, apesar da expectativa de consumo de carne bovina em 2024 seja de alta, é termos recuo no poder de compra da população, movimento natural para o mês de janeiro, mas que pode exercer uma tendência de pressão negativa, se o descrito antes, culminar em alguma redução de consumo.
Apesar de o cenário descrito acima ser possível, as informações que chegam do mercado atacadista e varejista de carne bovina são positivas. Os preços praticados atualmente são muito parecidos com aqueles vigentes quando a arroba do boi gordo no Estado de São Paulo foi negociada, no ano passado, a R$ 220,00. Basicamente, estou dizendo que população deve conseguir absorver, mesmo com menos recursos financeiros no momento. Contudo, a oferta reduzida de bois é outro fator de resistência.
Para resumir a última semana, chegamos a ver nas cotações algumas quedas, entre terça e quarta-feira, retomada dos valores na quinta-feira e, na sexta-feira, manutenção dos preços mas com menor assédio da indústria frigorífica. Em resumo, devemos ver valores estáveis nos próximos 15 / 20 dias, mas é possível alguma pressão de preços em abril, maio, com o final de safra de pastagens, mas nada tão impactante quanto 2023.
Um dos elementos relevantes para quem termina animais é o preço do milho no mercado interno brasileiro. Os recuos são constantes, diários, com reflexo dos últimos documentos relacionados ao setor agrícola global, principalmente, o relatório de Oferta e Demanda, do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, que segue mostrando uma grande oferta, o que significa preços internacionais mais baixos. O mercado spot mostra quedas significativas para o milho e o mercado doméstico mostra interesse menor por parte dos compradores, os valores caem interna e externamente, a paridade de exportação também recua o que resulta nesta tendência para o cereal. A primeira safra de milho no Brasil é menor, com cerca de 25 milhões de toneladas, mas já começou a ser colhida nos estados do sul, o que ajuda a manter o preço do milho arrefecendo.
O desempenho das exportações de carne bovina brasileira segue elevado, a média diária em janeiro alcança 9,6 mil toneladas, chegando a ótimos 86,8 mil toneladas em nove dias uteis de embarques, de acordo com a Secex – Secretaria de Comércio Exterior. Pela projeção estatística, as exportações neste mês podem atingir 210 mil toneladas, bem superior ao volume no mesmo mês em 2023, que atingiu 160,1 mil toneladas.
O problema é o preço da tonelada da carne bovina exportada.
Para explicar, todos os cenários têm relação direta com a China. Aponto como fator a produção da suinocultura chinesa, que depois da peste suína africana, mudou para estrutura em prédios, com despesas muito maiores, que aumentaram o custo e deve ter, de fato, elevado os estoques internos. Destaco também, algo corriqueiro, ser a preferência chinesa por cortes de dianteiro, que tem preços menores. Eu não cito a situação econômica do país asiático, por entender ser momentâneo e não estar, ainda, impactando a população.