29/12/2023 às 10h02min - Atualizada em 29/12/2023 às 10h02min

​Mercado de café registras altas expressivas e instabilidades marcantes em 2023

Variações abruptas e intensas dominaram as cotações, com oscilações marcadas por fatores climáticos e financeiros

- Da Redação, com Safras & Mercado
Foto: Paulo Lanzetta/Embrapa
O ano de 2023 foi marcado por altas nas cotações do café, principalmente no mercado internacional, representado pelo café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US). Essa alta reflete os movimentos observados nos preços em Nova York ao longo do ano, especialmente em dezembro.

O consultor de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, apontou que a transição de um período de baixa produtividade brasileira, devido a condições climáticas adversas em 2021 e 2022, para uma safra robusta em 2023, não aconteceu de maneira linear. O mercado foi marcado por instabilidades, principalmente relacionadas às incertezas produtivas, atribuídas à mudança de fenômenos climáticos como La Niña para El Niño.

No início de 2023, o café arábica na ICE US estava cotado em cerca de 165 cents, mas pressões vendedoras resultaram em uma queda para 145 cents após um otimismo inicial com as chuvas no Brasil. Posteriormente, o mercado corrigiu essas quedas, influenciado por expectativas financeiras, como a possibilidade de corte de juros pelo Fed. O preço se aproximou novamente da marca de 200 cents.

Contudo, a tendência de alta foi frágil, baseada em um ambiente financeiro instável. Com o avanço da safra brasileira a partir de maio, a oferta aumentou, e os produtores, pouco vendidos no início da safra, pressionaram ainda mais as cotações do café. Houve momentos de queda intensa, com o café ameaçando a marca de 145 cents na ICE US, ponto de resistência gráfica testado e respeitado ao longo do ano.

Após desenhar esse ponto de resistência, o mercado retomou a trajetória de alta com a chegada da entressafra e a postura mais cautelosa dos vendedores. A situação no Oriente Médio e o aumento nos preços do petróleo, juntamente com a queda nos estoques certificados na ICE US, foram fatores que influenciaram essa nova fase de alta. O cenário climático adverso no Brasil e no Vietnã também contribuiu para a diminuição da oferta de café robusta.

A variação cambial, com a queda do dólar, também contribuiu para os ganhos no mercado internacional. Além disso, preocupações em relação à safra brasileira de 2024, devido a problemas climáticos, como a alta temperatura causada pelo El Niño, e a queda na produção de robusta no Vietnã, fizeram o mercado reagir com preocupação em relação à oferta.

O mercado começou a precificar essa preocupação, e o preço do café em Nova York teve uma forte alta, ultrapassando a marca de 200 cents no final de 2023. Apesar de ajustes recentes, o mercado ainda sustenta boa parte desses ganhos, próximo à linha de US$ 2,00 a libra. O café acumula uma valorização expressiva de 19% no contrato de março em NY até o final de dezembro.

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