27/12/2023 às 09h58min - Atualizada em 27/12/2023 às 09h58min

Mais arrobas com mistura de forrageiras

João Menezes
Fonte: Blog Aegro
Misturar mais de um tipo de capim no mesmo pasto é uma prática usada por alguns produtores com a finalidade de aproveitar as características positivas de cada uma das forrageiras. Essa prática deve ser usada quando, apesar da mistura de cultivares, se deseja que uma das espécies prevaleça, porém por algum tempo, se tem as vantagens de uma forrageira mais produtiva ou adaptada.
 
Estudos estão sendo feitos para se estabelecer condições de manejo e pastejo de diferentes espécies estabelecidas ao mesmo tempo na mesma área de pastagem, porém apesar do sucesso obtido com consórcio de gramíneas temperadas, os resultados com gramíneas tropicais ainda não são definitivos quanto a possibilidade de sucesso de mistura de espécies ou cultivares na mesma área.
 
Misturar mais de um tipo de capim no mesmo pasto pode trazer maus resultados, pois o manejo de pastagem consorciada com mais de uma espécie tropical normalmente traz problemas de utilização e o desaparecimento de uma das espécies implantadas, principalmente em consequência do hábito de crescimento diferente, preferência pelos animais e exigências de manejo e fertilidade. Quando isso ocorre de maneira desuniforme pode haver perda rápida da pastagem e a necessidade de reforma precoce.
 
A mistura de capins tropicais diferentes no mesmo pasto vai contra os fundamentos de manejo de pastagens, pois estas espécies, ou mesmo cultivares, dentro da mesma espécie têm ritmos de crescimento desiguais e o gado, preferências de pastejo distintas em relação aos diferentes tipos de capins. Ao misturar forrageiras diferentes na mesma pastagem, haverá grande possibilidade de redução da eficiência de pastejo e, como consequência, seja acelerado o processo de degradação da pastagem.
 
Existem situações em que a mistura de sementes pode resultar em formações mais eficientes como quando se tem uma forrageira tolerante a erros de manejo, Ex.: Brachiaria humidícula cv. Llanero (dictyoneura), porém de lento estabelecimento. Quando ela é misturada com a Brachiaria brizantha cv. Marandu (brizantão) ou outras brizanthas que tem estabelecimento rápido, mas são plantas exigentes em manejo e fertilidade, se consegue um estabelecimento acelerado, com formação rápida do pasto e se tem um capim de melhor qualidade nos primeiros anos, porém com o tempo, a dictyoneura toma conta da área.
 
O mesmo acontece com panicum e dictyoneura para cavalos, com o tempo, a espécie mais exigente em manejo (Panicum) desaparece e se tem um pasto de dictyoneura formado para a tropa, porém com qualidade de panicum nos primeiros anos e estabelecimento mais rápido.
 
O uso do milheto é outra boa opção para acelerar o estabelecimento de pastagens, pois ele tem boa produção de matéria seca e alto potencial para utilização rápida. O plantio das duas espécies, milheto e capim, geralmente é realizado a lanço e as duas operações são ao mesmo tempo. Pode-se recomendar o consórcio do milheto com o capim piatã ou massai como estratégia para recuperar ou reformar rapidamente pastagens. A presença do milheto no consórcio permite a utilização do pasto bem antes, 44 dias após o plantio, enquanto no caso dos capins piatã ou massai solteiros normalmente é em torno de 90 dias. A produção total de matéria seca também é superior quando da consorciação do milheto com capins (Tabela 1).


Tabela 1 – Produtividade de Milheto, Piatã e Massai solteiros ou consorciado (Vasconcelos et al, 2009)

O consórcio de forrageiras tropicais apesar de difícil poder trazer várias vantagens, incluindo aumento do rendimento, utilização da área mais cedo, melhor qualidade de forragem inicial e maior proteção contra a erosão. É importante considerar que o estabelecimento e manejo do consórcio de forrageiras devem ser priorizados, quando as gramíneas forrageiras tropicais apresentarem diferenças morfofisiológicas complementares, adaptação ecofisiológica e agronômica. A falta de conhecimento sobre a técnica e ausência de maiores estudos, dificultam a aceitação do sistema.
 
Trabalhos têm sido feitos para ajustes no manejo de misturas de forrageiras, mas dadas as características dessas plantas quanto a diferentes hábitos de crescimento e manejo, não é fácil conseguir a convivência de diferentes cultivares na mesma área, porém é uma estratégia interessante para se conseguir melhorar a produtividade das pastagens nas diferentes épocas do ano e condições de usos.
 
Apesar de difícil, existem situações que o consórcio de forrageiras pode auxiliar no estabelecimento de pastagens produtivas de forma mais rápida e eficiente.

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