Última semana de um ano extremamente desafiador, principalmente, para o pecuarista brasileiro, mas que também não foi dos mais fáceis para outros elos da cadeia produtiva. Os números finais da pecuária bovina de corte brasileira ou quase de finais, nos mostram elevação dos abates – o maior dos últimos nove anos, queda na arroba do gado pronto na ordem de 27% e faturamento da indústria frigorífica exportadora 20% inferior (de janeiro a novembro) comparado ao mesmo período do ano passado.
Há um alinhamento, quase uma equação, que mostra que 2023 pode ou deve encerrar o ano com um crescimento no consumo interno de carne bovina, entre 11% e 14%. Fator, ao ser confirmado, o mais positivo em um ano muito complicado. Devo resgatar um posicionamento meu, desde outubro de 2021, mês de estreia de nossa coluna “De Olho no Mercado”, na qual, em diversas oportunidades, citei que o mercado consumidor de carne bovina brasileiro é um dos mais importantes do mundo e não pode ser negligenciado.
A tal equação, que vai culminar em crescimento de 11% a 14% no consumo de carne bovina doméstico no Brasil, passa por dois fatores: Abates de animais e exportações de carne bovina.
De acordo com o IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística o total de gado bovino abatido no terceiro trimestre foi de 8,9 milhões de cabeças, 12,2% maior sobre o terceiro trimestre do ano passado, o que manteve a tendência de elevação de oferta presente durante todo o ano, com crescimento de 6,1% no primeiro trimestre e alta de 12,2% no segundo trimestre, comparado aos mesmos períodos sazonais de 2022, respectivamente.
Por conta dos números citados, o acumulado geral de abates anual de janeiro a setembro subiu 10,9%. Contudo a aceleração na matança de fêmeas, novilhas e vacas, (fator que reflete os fortes recuos durante 2023 para os preços do bezerro e boi magro) aumentou 23,7%. Podemos dizer que todo ano nos quais há uma alta no abate de fêmeas acima de 20%, espelha, claramente desvalorização nos preços dos bezerros e das categorias acima.
Por enquanto, a oferta de carne bovina foi elevada em 8,9%, mesmo com os abates crescendo 10,9%. A modulação, de acordo com o IBGE, veio do peso médio das carcaças, em queda de 1,8%.
De acordo com a Abrafrigo, Associação Brasileira de Frigoríficos, com base nos dados da Secex, os embarques de carne bovina da indústria exportadora brasileira atingiram 2,25 milhões de toneladas de janeiro a novembro, crescimento de 4% ante o mesmo período do ano passado.
OS dados mostram ligeira queda nos embarques para a China, principal comprador da carne bovina brasileira e elevação de vendas para os Estados Unidos (passam por ciclo de baixa oferta internamente) com isso, a receita total de carne bovina exportada teve queda (janeiro a novembro) de 20%, para US$ 9,75 bilhões ou R$ 47,86 bilhões. O valor da tonelada no comparativo do acumulado até novembro mostram bem o cenário, com queda de US$ 5.670 mil em 2022 para US$ 4.329 mil em 2023.
Não devemos ver movimentação mais expressiva nos negócios com gado pronto em todo país. Nesta terça-feira, às 10h15 (horário de Brasília) o mercado seguia sem referências, cenário típico desta época do ano.
No próximo artigo, já em 2024, vamos falar das expectativas para o ano e os motivos de acreditar ser a abertura de um período muito mais rentável para o pecuarista brasileiro.