A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) revisou para baixo a estimativa da safra de soja do Brasil para o ciclo 2023/24, fixando-a em um recorde de 161,9 milhões de toneladas. Esse número representa uma redução de 2,8 milhões de toneladas em comparação com a previsão de novembro.
Apesar das adversidades climáticas, particularmente no Mato Grosso, maior produtor do país, a Abiove ainda projeta um aumento de 2,4% na colheita em relação ao ano anterior. A associação, que representa tradings e processadoras do setor, destacou os impactos do clima nas lavouras, embora mantenha a expectativa de um ciclo robusto.
Se confirmadas as projeções para a safra que começará a ser colhida em algumas semanas em Mato Grosso, o processamento de soja atingirá níveis recordes no Brasil, mas as exportações poderão registrar uma ligeira diminuição em relação ao ano anterior.
A previsão para as exportações de soja em 2024 é de 100,2 milhões de toneladas, um aumento de 200 mil toneladas em relação à estimativa de novembro. No entanto, esse número representa uma leve queda em relação ao recorde de 100,5 milhões de toneladas previsto para 2023, segundo revisão da Abiove, que também elevou a safra passada para 158,1 milhões de toneladas.
Para o processamento de soja em 2024, a Abiove estima um recorde de 54,5 milhões de toneladas, um acréscimo de 500 mil toneladas em relação à projeção anterior de novembro e um aumento de 900 mil toneladas em comparação ao ano anterior.
Esse aumento no processamento de soja reflete a expectativa de um aumento na mistura de biodiesel no diesel, passando de 12% para 13% a partir de abril de 2024, além de uma safra maior, segundo a Abiove.
A Associação alertou que, caso o governo decida antecipar uma mistura ainda maior de biodiesel para 2024, as projeções de oferta e demanda precisarão ser ajustadas.
Quanto à produção de farelo de soja em 2024, estima-se um recorde de 41,7 milhões de toneladas, um aumento de 700 mil toneladas em relação a 2023. Já a fabricação de óleo de soja para o próximo ano está prevista em 11 milhões de toneladas, um acréscimo de 200 mil toneladas em relação a 2023.
A previsão é que o consumo interno de óleo de soja em 2024 cresça 500 mil toneladas, ou 5,7%, totalizando 9,2 milhões de toneladas, devido ao aumento da mistura de biodiesel, que utiliza cerca de 70% da oleaginosa.
A exportação de óleo de soja do Brasil em 2023 deve atingir um nível historicamente elevado de 2,35 milhões de toneladas, mas para 2024 a expectativa é de exportações de 1,6 milhão de toneladas, uma vez que o biodiesel e o consumo interno tendem a absorver a maior parte da produção.
A Abiove assegura que o país tem capacidade para atender a uma demanda crescente na produção de biodiesel e, caso a demanda internacional pelo óleo aumente, há capacidade de esmagamento para ampliar o processamento doméstico.
Apesar da redução na safra de soja, a Associação destacou que o Brasil deve ter uma ampla oferta, com estoques finais estimados em mais de 10 milhões de toneladas em 2024. Ressalta ainda que a indústria brasileira possui capacidade para atender aos diversos mercados do óleo de soja, com uma capacidade anual de esmagamento significativamente superior à projeção de moagem para o próximo ano.
A Abiove estima a receita com exportação de soja, farelo e óleo do Brasil em 2024 em 64 bilhões de dólares, uma redução em relação ao recorde de 67 bilhões em 2023, em decorrência de preços mais baixos. A soja continua sendo o principal produto de exportação do país.