Foto: Reuters/Matias BaguettoA expectativa gerada pelo novo presidente argentino, Javier Milei, tem instigado intensamente o setor agroindustrial do país. Prometendo mudanças profundas, especialmente no âmbito econômico, o novo presidente propõe a dolarização da economia e a eliminação das taxações sobre exportações, as famosas retenciones, o que promete transformar o cenário agrícola e pecuário do país.
Segundo análises de especialistas da Cogo Inteligência em Agronegócio, as medidas de estímulo ao setor produtivo argentino, como a possível dolarização e a eliminação de taxações sobre exportações, podem revitalizar significativamente o mercado. No entanto, ressaltam que os efeitos dessas mudanças podem ser percebidos somente a partir de março/abril de 2024, em grande parte do ciclo produtivo.
De acordo com Carlos Cogo, da Cogo Inteligência em Agronegócio, as atuais volatilidades cambiais e os impostos sobre as exportações têm prejudicado os embarques argentinos. O fim desses impostos poderia acelerar a comercialização da safra pelos produtores, pressionando os preços durante a colheita.
Uma das principais discussões do novo governo é o impacto no complexo soja, um setor em que Brasil e Argentina são concorrentes diretos. Ainda assim, especialistas acreditam que a demanda mundial sustentada por soja, um dos principais produtos nos quais os países competem, pode minimizar os efeitos dessa competição intensificada entre ambos.
Além disso, o agronegócio argentino pode se beneficiar com a remoção de cotas e tarifas no comércio internacional, a eliminação de tarifas de importação de insumos e a revogação da lei de terras permitindo a compra por estrangeiros - promessas de campanha de Milei.
A Câmara de Exportadores da República Argentina (Cera) e o Conselho Agroindustrial Argentino (CAA) apresentaram ao novo governo o "Plano Agroindustrial Federal 2023-2033" e "Estratégia Nacional Exportadora". Estes documentos apontam um potencial de aumento nas exportações do agronegócio para US$ 156,8 bilhões até 2030, incrementando significativamente a participação do país nas vendas globais.
Em suma, o agronegócio argentino parece estar no epicentro das transformações propostas por Milei. As organizações do setor já delinearam suas demandas ao novo governo e estão em diálogo constante com os novos dirigentes para a tão aguardada mudança.
