03/11/2023 às 08h54min - Atualizada em 03/11/2023 às 08h54min

A importância do planejamento estratégico na pecuária

Ferramentas e tecnologias de avaliação genética ajudam a agregar valor aos animais

André Luiz Casagrande
Foto: Freepik
Com a menor margem de lucro e as grandes variações no preço da arroba, fatores que têm prejudicado fortemente o mercado de carne bovina, o momento atual da pecuária não permite erros no planejamento estratégico.
 
Por conta desse cenário, os produtores têm buscado ferramentas e tecnologias que os ajudem a tomar decisões objetivas e precisas, que permitam maximizar seus lucros. Dentre elas, o melhoramento genético é considerada uma das mais importantes.
 
“As ferramentas trazem ponderadores para o rebanho dos criadores, que conseguem mensurar o desempenho nas principais características econômicas da pecuária”, destaca o zootecnista e técnico comercial da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP), Alexsandro Patrício Silva Santos.
 
Além disso, Santos afirma que há outros benefícios oriundos da aplicação de novas tecnologias nas atividades pecuárias, que conseguem, por exemplo, definir acasalamentos com mais confiança, pois maximizam as características, fazer o controle da consanguinidade e garantir variabilidade genética.
 
“Também auxiliam na compreensão de quais características os criadores devem priorizar, considerando a média de cada uma no rebanho comparado à média geral”, complementa.
 
Ferramentas
Na visão do zootecnista, dentre as tecnologias a serem implementadas no planejamento estratégico para o desenvolvimento sustentável da atividade, a avaliação genômica merece destaque especial, pois garante maior acurácia nas características avaliadas em animais jovens.
 
“Com ela, é possível selecionar indivíduos na fase da desmama, por exemplo; pode-se definir quais fêmeas devem permanecer no rebanho, mesmo antes de elas se desenvolverem, empenharem, parirem e suas crias também desempenharem. Encurtando o intervalo de gerações, é possível maximizar o progresso genético”, explica.
 
Outra tecnologia destacada por Santos é o acasalamento dirigido, no qual ocorre a maximização das características, a garantia da variabilidade genética e o controle da consanguinidade.
 
Impactos
Segundo Santos, quando se entende a Diferença Esperada na Progênie (DEP) das principais características dentro da avaliação genética, é possível selecionar e acasalar os melhores animais para as características que impactam o objetivo do rebanho de interesse.
 
“O principal impacto é a evolução genética dos animais que permanecem no rebanho, seguido do aumento da fertilidade e precocidade sexual das fêmeas, aumento no peso a desmama e no ganho pós-desmame, incremento do rendimento e no acabamento de carcaça e melhora na eficiência alimentar dos animais”, aponta.
 
Desafios
Para o especialista, um dos principais desafios é a coleta dos dados, pois exige mão de obra qualificada para obter uma correta mensuração das pesagens, do perímetro escrotal dos machos, dos dados de nascimento dos animais, entre outras coletas.
 
“Estrutura de curral, brete de contenção e balança com excelente aferição são itens necessários e, para se ter uma ideia, em algumas fazendas ainda não foram implementados”, esclarece e cita outro desafio: os softwares de gestão dos dados. “Eles são fundamentais para o armazenamento das informações e exportação para os programas de melhoramento genético.”
 
Outro desafio, de acordo com Santos, é a formação dos lotes de manejo, que deve ser feito de forma correta para não quebrar os grupos de animais contemporâneos.
 
Futuro
O cenário atual, na avaliação do zootecnista, não está animador para quem tem produtos para comercialização, com a arroba desvalorizada e média de preços em forte queda para venda de bezerros, reprodutores e matrizes. “No entanto, para quem quer iniciar na atividade, o cenário é ideal, pois terá a oportunidade de adquirir fêmeas com valores mais baixos”, avalia.
 
“A adesão a um programa de melhoramento genético e a utilização das principais tecnologias vão garantir progresso genético e produtos com alta qualidade genética, para vender na temporada 2025/2026 com o valor da arroba crescente”, prevê Santos.
 
Além disso, ele avisa que investir em qualidade é fundamental, pois a cada safra o progresso genético está mais avançado. “Com a ‘pressão ambiental’, é necessário produzir mais, sem aumentar área. Assim, é preciso focar na eficiência alimentar, para melhorar a produtividade dos animais, sem a necessidade de aumentar área nem o fornecimento de alimento”, arremata o técnico da ANCP.

 
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