20/10/2023 às 08h45min - Atualizada em 20/10/2023 às 08h45min

Genética para marmoreio: o futuro da carne gourmet

O uso de tecnologias é uma estratégia para melhorar a rentabilidade e atender as exigências do mercado

André Luiz Casagrande
Foto: Freepik
O consumidor brasileiro está cada vez mais exigente e busca uma carne gourmet, de alta qualidade, com maciez e suculência. Consequentemente, ao experimentar um produto melhor, o padrão só aumenta, não tem como voltar atrás. Esse processo faz parte da “gourmetização”, que está ligada a um valor mais alto, pois o consumidor está disposto a pagar por isso, uma vez que reconhece essa qualidade.
 
Diante desse cenário, a genética para marmoreio é uma aliada dos produtores que estão cada vez mais recorrendo a novas tecnologias para se adequar às exigências do mercado em busca da carne gourmet. De outro lado, as empresas do setor também têm investido em inovações para acompanhar essa tendência.
 
Para o Gerente de Produto e Projetos Corte Europeu da ABS, Marcelo Selistre, a melhor rentabilidade na pecuária é um grande desafio para obter carne de alta qualidade. Para alcançar essa meta, ele cita a necessidade de verticalizar o negócio, estar mais próximo do final do ciclo, fechar parcerias com a indústria, garantindo melhores preços para um produto que também exige maior investimento, além de tentar sair da produção commodity.
 
Lançamento
Nesse sentido, o especialista cita um dos lançamentos da empresa para encurtar o ciclo produtivo e aumentar a qualidade do produto final. “Trata-se da Super Dose, resultado da união de três soluções em uma mesma palheta, atendendo as principais necessidades do cliente que faz cruzamento industrial, que são fertilidade e desempenho genético, resultando em uma maior rentabilidade”, conta.
 
Conforme explica Selistre, o produto une tecnologias como o Fertility Plus, que é o sêmen heterospérmico, ou seja, o ejaculado de três touros na mesma dose inseminante, técnica que se encontra 3 pontos percentuais a mais em relação ao uso do sêmen convencional.
 
Ele acrescenta que há, também, um núcleo genético de corte da ABS, onde é feita a seleção, com foco no cruzamento terminal, com base em critérios como ganho de peso, eficiência alimentar e valor de carcaça. “Temos validações comprovando a superioridade dessa genética nestas características”, relata.
 
A terceira tecnologia é o ABS XBlack, um índice econômico do cruzamento industrial, que avalia o desempenho de animais F1, criados no sistema de produção brasileiro, e traz informações do nascimento ao abate, com efeitos dos custos e preços de mercado. “A partir de dados do mundo real, identificamos a genética de melhor desempenho e rentabilidade no Brasil”, diz ele,
 
A solução, segundo o especialista, traz benefícios aos usuários, por oferecer previsibilidade em relação ao que vai ocorrer, além de promover melhor fertilidade na inseminação artificial em tempo fixo (IATF) e desempenho zootécnico mais eficaz, com animais precoces, eficientes, pesados, entregando a carcaça que o mercado paga melhor.
 
Tendência
Em relação ao futuro, o especialista acredita que a tendência é seguir com custos altos e a concorrência com outras atividades agrícolas batendo à porta, “Sem produtividade, gestão técnica e financeira, a pecuária de corte não terá vez”, prevê.
 
Por fim, ele destaca que, diante desse cenário, a genética faz toda a diferença. “Quem mede, sabe que há grande variabilidade no desempenho dos animais. Se analisarmos um a um, percebemos que há os que deixam lucro, enquanto outros causam prejuízo”, analisa.
 
“O que propomos com essa nova tecnologia é entregar melhor fertilidade e maior desempenho a campo, para que os animais que possam entregar melhor resultado econômico, afinal, eles precisam responder aos investimentos”, arremata Selistre.
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