Rio Grande do Sul investe pesado em etanol de trigo, rumo à autossuficiência energética

O Rio Grande do Sul, um dos estados mais prósperos do Brasil, está prestes a dar um passo rumo à produção de etanol de trigo. Com investimentos que ultrapassam a marca de R$ 1 bilhão, a região almeja se tornar um polo líder na produção deste combustível renovável nos próximos anos, criando uma nova fonte de renda para os produtores e reduzindo os custos dos combustíveis no estado.
 
A iniciativa é pioneira no país, com a construção das primeiras usinas de etanol de trigo já em andamento. A primeira usina, com capacidade para processar 550 mil toneladas de trigo anualmente, tem o potencial de produzir cerca de 300 mil litros de etanol. Isso representa um marco importante para o setor energético do estado e para a busca por alternativas mais limpas e sustentáveis.
 
O cultivo de trigo destinado à produção de etanol não deve competir com a produção de trigo para outros fins, como a produção de farinha. Pelo contrário, esses mercados podem ser complementares, oferecendo aos agricultores gaúchos uma segunda safra rentável durante o inverno.
 
Lucas Pires, um dos produtores envolvidos nessa inovação, está otimista em relação às perspectivas do trigo para etanol. Ele vê a nova opção como uma oportunidade para aumentar a eficiência e rentabilidade em sua propriedade. "O trigo é uma cultura que sempre nos desafia a ser mais eficientes para atender às demandas do mercado, e ter mais uma opção para o trigo destinado ao etanol seria muito bom para nós", afirma Pires.
 
Para o sucesso da produção de etanol de trigo, é crucial que as cultivares tenham uma alta concentração de amido, o que permite uma fermentação eficiente na indústria. Isabella Del Pintor, supervisora de licenciamento da empresa responsável pelo desenvolvimento dessas cultivares, destaca a importância dessa característica específica.
 
Além dos benefícios econômicos para os produtores e a indústria, a produção de etanol de trigo tem o potencial de baratear os custos dos combustíveis no Rio Grande do Sul. A primeira usina deve entrar em operação no primeiro semestre de 2025, trazendo a promessa de um combustível mais limpo e sustentável do que o etanol de cana-de-açúcar.
 
Fábio Benin, coordenador de fomento da empresa responsável pelo desenvolvimento das cultivares, destaca o vasto potencial de terras no estado que podem ser aproveitadas para o cultivo de trigo destinado à produção de etanol. Com mais de 8 milhões de hectares cultivados no verão e apenas cerca de 2 milhões de hectares no inverno, há uma área substancial disponível para expandir a produção de trigo para etanol.
 
Nesse contexto, o Rio Grande do Sul está caminhando para se tornar um protagonista na produção de etanol de trigo, impulsionando a economia local, oferecendo uma alternativa mais sustentável aos combustíveis fósseis e abrindo novas oportunidades para seus agricultores.