30/06/2023 às 14h37min - Atualizada em 30/06/2023 às 14h37min
Sistema Guaxupé: mais produtividade e menos emissões de gases de efeito estufa
(foto: arquivo pessoal) O sonho de todo pecuarista é aumentar a produtividade e a rentabilidade da pecuária de corte, com baixo investimento em rações e adubos e com menores emissões de gases de efeito estufa. Esse objetivo poder se tornar uma realidade com o Sistema Guaxupé, um modelo de intensificação da pecuária de corte a pasto, desenvolvido pela Embrapa, em parceria com fazendas do Acre, ao longo dos últimos 25 anos.
O Sistema Guaxupé foi lançado dia 21 de junho, na Fazenda Guaxupé, em Rio Branco (AC), onde foram apresentados os resultados de pesquisas e relatadas as experiências de parceiros do projeto. Segundo Carlos Maurício Soares de Andrade, pesquisador da Embrapa Acre e coordenador dos estudos, a proposta é a obtenção de pastagens com alta produtividade de forragem de qualidade e de longa duração
“O foco é o gerenciamento das pastagens, com base na diversificação inteligente de forrageira; autossuficiência em nitrogênio a partir da consorciação com uma leguminosa (amendoim forrageiro), tolerância zero em relação a plantas daninhas; e pasto bem manejado e gado bem alimentado nos 365 dias do ano”, detalha.
“Esses quatro fundamentos essenciais visam garantir a produtividade e a longevidade das pastagens”, resume o especialista, acrescentando que o investimento em pastagens é permanente, por essa razão, esse sistema é mais indicado para solos sem aptidão para agricultura intensiva.
De acordo com o pesquisador, o Sistema Guaxupé foi desenvolvido para solos sujeitos ao encharcamento, predominantes em muitas regiões da Amazônia. “Embora tenha sido validado no Acre, pode ser adaptado para intensificação sustentável da bovinocultura de corte em regiões dos biomas Amazônia e Mata Atlântica, que têm condições ambientais e socioeconômicas similares àquelas encontradas no Acre”, observa.
O pesquisador informa que o sistema recomenda a ocupação de cada metro quadrado do solo, assim como a utilização de diferentes opções de forrageiras indicadas pela pesquisa para a região na formação das pastagens.
“Recomendamos as forrageiras estoloníferas, que possuem alta tolerância ao encharcamento ou alagamento do solo. Outra vantagem é que essas espécies se reproduzem por meio de caules (estolões), que enraízam nos nós, e se alastram na pastagem, competindo com as ervas daninhas”, menciona.
O especialista também destaca os benefícios ambientais do Sistema Guaxupé, como a redução das emissões de gases de efeito estufa, proporcionada pela consorciação de pastagem com o amendoim forrageiro. “Os resultados das pesquisas confirmam o aumento de 30% na produtividade de carne e de bezerros, por hectare, além de menor emissão de gases de efeito estufa”, informa.
Conforme explica Andrade, como é comum a todos os processos de intensificação, a boa capacidade gerencial é um requisito para adoção do Sistema Guaxupé. “As três fazendas-referência no Acre são exemplos de propriedades rurais bem-administradas”, relata.
Como parceiras no desenvolvimento do sistema, essas fazendas funcionam como vitrine para demonstração das práticas e tecnologias relacionadas a esse modelo de produção. “Nesses espaços de compartilhamento de saberes realizamos cursos, dias de campo, oficinas e outras atividades técnicas.”