26/08/2022 às 12h09min - Atualizada em 26/08/2022 às 15h33min

A evolução da gestão pecuária está na tecnologia

Futuro da atividade depende da inovação dos processos dentro e fora da porteira

Na atualidade, é preciso que o pecuarista tenha em mente que não basta ter eficiência no processo produtivo dos animais, no manejo, na nutrição, etc. Também é preciso ter gestão, já que a pecuária é uma atividade empresarial que exige planejamento, estratégia, controles financeiros, recursos humanos, como tantas outras, e o pecuarista precisa entender que ele é um empresário.

E o que precisa para que a empresa tenha sucesso? Segundo o agrônomo e fundador da M Prado Consultoria Empresarial, Marcelo Prado, a adoção das novas tecnologias, seja uma startup,  um software de gestão, que gera indicadores de performance e eficiência – que auxilia o pecuarista a tomar decisões –,  de economia, de finanças, gestão de custos e despesas, tudo é muito importante para que o empresário rural possa fazer as melhores escolhas.

“Podemos dar, como exemplo, um piloto de avião, que decola de uma cidade A para uma cidade B, sem enxergar um palmo diante do nariz, porém, ele tem cerca de 30 instrumentos no painel de controle que mostram para ele a velocidade do vento, a altura, se há algum obstáculo no caminho, entre outros parâmetros. Ou seja, esses dados e informações fazem com que o piloto possa fazer uma viagem tranquila e pousar no seu objetivo com segurança”, exemplifica Prado.

“A administração de um negócio de pecuária é da mesma forma. É preciso ter esses indicadores para tomar as decisões mais assertivas e fazer com que o negócio seja cada vez mais rentável”, completa.

De acordo com o consultor, a transformação digital na pecuária já tem impactado fortemente o setor. “Atualmente, e que se seguirá como tendência para os próximos anos, são várias tecnologias disponibilizadas por startups e agtechs trazendo uma série de modelos para melhorar a eficiência da pecuária, no controle da granja, no ganho de peso de animais, no controle da qualidade do leite, entre outras, que ajudam o empresário do setor a fazer as melhores escolhas”, argumenta.

Prado acredita que falta muito pouco para que a pecuária embarque de vez na era digital. “Faltam apenas aqueles pecuaristas mais conservadores entenderem que o mundo mudou, que as necessidades, perspectivas e exigências dos clientes e dos frigoríficos mudaram e que o nível de eficiência exigido hoje é muito alto. A atividade não pode ser tocada de forma amadora, ela tem que ser tocada de forma profissional e para isso a tecnologia digital é indispensável, para contribuir na gestão e promover ganhos de produtividade não apenas na parte de produção animal, mas também no gerenciamento do negócio”, avalia. “Então o mundo digital tem que ser uma realidade em todas as fazendas”, conclui.

Entretanto, segundo Prado, como a gente vive num mundo digital, no mundo do 5.0, todo pecuarista tem que ter a mente e o coração abertos para aceitar essas novas tecnologias. “Quem não aceitar, vai perder competitividade, pois isso já é uma realidade no setor”, avisa.

Sobre as perspectivas para o segmento, nos próximos anos, o consultor vê com bons olhos o futuro, mas faz um alerta. “Enquanto o valor bruto da produção do agronegócio vai crescer cerca de 1,6%  este ano e a agricultura vai crescer cerca de 5,2%, a pecuária vai decrescer 6,8%”, prevê.

Mas, por que isso está acontecendo? Conforme Prado, principalmente, por conta das commodities (milho, soja, etc.) que subiram muito de preço. “Tivemos um custo de taxação mais alto que impactou a atividade pecuária como um todo. Isso comprometeu as margens da produção de frangos, galinhas poedeiras, suínos, leite, corte, enfim, de todo segmento de produção animal”, aponta o especialista. 

Porém, segundo ele, as perspectivas para 2023 são boas, pois, com a estabilização do preço das commodities, a possibilidade de uma rentabilidade positiva em todos os elos da cadeia pecuária aumenta. “Os empresários que forem competitivos, produtivos e eficientes, tanto no campo quanto na gestão, terão boas perspectivas de ganhos”, acredita.

Para ele, nos próximos 30 anos, “teremos vento soprando a nosso favor e caberá aos empresários do setor abrirem a mente e o coração para aceitar as mudanças, as evoluções e as novas tecnologias para que possamos continuar trilhando esse brilhante caminho de eficiência que o agro tem conquistado”, completa Prado.


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