16/09/2022 às 11h30min - Atualizada em 16/09/2022 às 11h30min

Pesquisas no brasil já apontam para a possibilidade do bife 3D

Nos laboratórios do Centro Universitário Senai Cimatec, de Salvador (BA), há seis meses uma equipe de 15 profissionais trabalha para desenvolver o “bife” boimpresso, um produto que não saiu de um corte da carne do boi, mas de uma impressora 3D (reprodução em três dimensões, via tecnologias de sobreposição de camadas).

Os trabalhos foram conduzidos em laboratórios do Instituto Senai de Tecnologia em Alimentos e Bebidas e do Instituto Senai de Sistemas Avançados de Saúde. E, como em outros centros de pesquisas do mundo, a carne foi desenvolvida a partir de células-tronco de bovinos.

Depois de extraídas, as células são combinadas com biomateriais comestíveis, ricos em nutrientes, que formam a parte sólida da carne de laboratório – fibras, gorduras e outros tecidos vivos. Agora, a equipe do Senai têm um novo desafio: adicionar o sabor da carne, para agradar o paladar do consumidor brasileiro.

Segundo a pesquisadora Josina Dantas, o “bife” de 3D tem a textura e a aparência da carne natural. “Agora, o objetivo é conseguir que a carne seja tão saborosa quanto a picanha”, disse ela em entrevista à Agência CNI, que divulgou o feito dia 31 de agosto deste ano. “As fazendas do futuro não terão somente pastos, elas serão formadas, também, por grandes tonéis de concentração e de reprodução de células-tronco”, acrescentou.

Conforme relato de Josina, a pesquisa utiliza um produto à base de quitosana, extraído da casca do camarão. “O vermelho que imita a cor da carne vem de corantes naturais, os mesmos ingredientes já utilizados pela indústria em diversos alimentos comercializados e disponíveis para o consumo humano”, explicou.

Os pesquisadores estimam que “a carne 3D” esteja disponível no mercado em 2027, mas, para isso, além de colocar sabor, eles terão que adequar o produto às etapas regulatórias e às normas de segurança alimentar junto aos órgãos públicos ligados à saúde e à vigilância sanitária.

Antes de ter 100% da tecnologia dominada o Senai já buscando parcerias com empresas e indústrias para a realização conjunta das etapas finais de desenvolvimento e colocação dos produtos no mercado. A expectativa dos pesquisadores brasileiros não é substituir a carne de verdade, especialmente a bovina, mas oferecer uma alternativa proteica para o mercado.

Referências

Startups dos Estados Unidos e de Israel foram as referências para a elaboração da carne bioimpressa em solo brasileiro. Porém, a tecnologia de reprodução de tecido animal já faz parte da expertise do Senai.

Segundo notícia divulgada pelo Washington Post em 2021, o laboratório israelense Aleph Farms foi o primeiro do mundo a apresentar um bife de lombo de carne cultivada impresso em 3D, feito a partir de uma cultura de tecido animal vivo. 

Apesar dos avanços dessa tecnologia, a regulação ainda é um grande nó para que esses produtos cheguem às mesas do consumidor pelo mundo afora. Para se ter uma ideia, até o momento, apenas Singapura, comercializa esse produto. Em 2020, o país asiático fez a sua primeira aprovação regulatória para a produção de nugget de frango feito à base de cultura de células, biofabricada pela empresa Eat Just.

Vale lembrar que a carne biofabricada através da bioimpressão 3D utilizando células-tronco bovina é produzida sem manipulação por engenharia genética, sem adição de antibióticos e de soro fetal bovino.

 


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