17/02/2023 às 10h21min - Atualizada em 17/02/2023 às 10h21min

Ressincronizar para lucrar

As diferentes estratégias produtivas e reprodutivas ajudam na maximização da produção, além de facilitar a organização e a estruturação da fazenda. Para alcançar os melhores resultados e eficiência na atividade da cria, é necessário um bom planejamento reprodutivo, com definição das estratégias, período da estação de monta e a escolha de uma genética de qualidade.

“A utilização da Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), por exemplo, permite emprenhar maior número de matrizes no início da estação de monta e, principalmente, tornar gestantes as fêmeas que ainda estariam em anestro pós-parto, ou seja, as que não estariam ciclando naturalmente e não teriam possibilidade de emprenhar na monta natural, aumentando a produtividade”, detalha a médica veterinária e coordenadora do Concept Plus Corte da Alta, Isabella Marconato.

Outra estratégia apontada pela especialista é a ressincronização, que tem como objetivo dar às matrizes que não ficaram gestantes uma segunda chance de emprenhar por meio da IATF. Seu maior benefício é a possibilidade de emprenhar vacas que não estariam ciclando e, portanto, não preparadas para a monta natural, mesmo após a realização do primeiro protocolo.

Com esse segundo protocolo, segundo Isabella, é dado um novo start hormonal nas vacas que ainda estão em anestro, possibilitando que elas voltem a ciclar e tenham maior probabilidade de se tornarem gestantes.

De acordo com a especialista, estudos mostraram que fêmeas que foram submetidas a duas IATF’s mais monta natural obtiveram melhores resultados quando comparadas às matrizes que receberam apenas uma IATF e monta natural ou apenas monta natural ao final da estação reprodutiva. “Essa estratégia também possibilita a concentração dos partos no início da estação de parição, aumentando o número de bezerros do cedo”, informa.

Metodologia

Isabella explica que há dois principais tipos de ressincronização, e que a mais utilizada é feita no momento do diagnóstico de gestação após, em média, 30 dias da inseminação. “Ao detectar que a matriz não está gestante, se inicia novamente um protocolo hormonal para a realização da segunda IATF, protocolo semelhante ao utilizado na primeira”, explica.

A segunda alternativa, segundo ela, é a antecipação do início da ressincronização (ressincronização precoce), que ocorre entre 7 e 9 dias antes do diagnóstico da primeira etapa do protocolo (D0) em todas as fêmeas que já foram inseminadas sem saber se estão gestantes ou não.

“Em seguida, no momento da retirada do implante, é realizado o diagnóstico de gestação e as matrizes que não estiverem gestantes seguem o protocolo convencional e são inseminados depois de dois dias”, informa a médica veterinária.

Ela acrescenta que essa alternativa busca diminuir o tempo entre a primeira e a segunda inseminação. “A primeira ressincronização tem um intervalo de aproximadamente 40 dias entre as inseminações, já na segunda estratégia, o intervalo é de 32 dias”, explica.

Por fim, ela diz que há a ressincronização com Doppler. “Nesse tipo de manejo, o protocolo da ressincronização tem início 14 dias após a inseminação e o diagnóstico de gestação é feito no momento da retirada do implante, utilizando ultrassonografia doppler”, exemplifica.

“As matrizes não gestantes são inseminadas após 48 noras e nesse tipo protocolo é possível reduzir ainda mais o intervalo entre as inseminações, sendo uma importante estratégia para os lotes do final da estação de monta”, acrescenta.

Desafios

Segundo a veterinária, as primíparas fazem parte da categoria de maior desafio no Brasil hoje. Nesse grupo estão as matrizes mais jovens, com a primeira gestação e parto, e que, portanto, exigem mais atenção do produtor. Além de demandarem energia para manutenção da gestação e, posteriormente, produção de leite, ainda requerem energia para seu crescimento, o que gera uma alta exigência nutricional.

Como explica, quando não suprida essa exigência, a matriz entra em balanço energético negativo, perdendo escore de condição corporal (ECC), o que resultará no aumento do anestro pós-parto, período em que a matriz não cicla, dificultando sua reconcepção.

 “A IATF é uma ferramenta que auxilia nesse cenário, no entanto, mesmo após o primeiro protocolo, a taxa de ciclicidade média das primíparas no Brasil é muito baixa, fazendo com que essa categoria de fêmeas seja a mais beneficiada com os protocolos de ressincronização”, arremata Isabella.

 


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