09/08/2022 às 12h03min - Atualizada em 09/08/2022 às 12h03min

Boi gordo: mercado de lado, exportação em alta e demanda interna mancando

Uma semana passou e praticamente nada aconteceu. Enquanto há uma certa estabilidade vigente no preço do boi gordo no mercado físico, por outro lado, o mercado futuro reflete aquele apontamento complicado do Cepea. Também, posso afirmar que as exportações seguem batendo recordes de faturamento. Além disso, as escalas da indústria frigorífica também estão mantendo os níveis de uma semana atrás. O que veio diferente foi a chuva no centro-sul.

Vejam só… se descrever por números há poucas, ou nenhuma alteração. As referências de preços para arroba do boi gordo seguem praticamente idênticas. O boi China segue negociado na casa de R$320 e o boi “que não vai para China” R$297 a arroba no estado de São Paulo. As escalas permanecem com 10 dias na média nacional (considerando as principais praças de abate).

Os números de exportação são empolgantes. Julho teve a melhor receita da história para o período sazonal e registrou também o maior desempenho do ano com US$1,09 bilhão (alta de 21,6%). Agosto começou muito forte com 39,3 mil toneladas de carne bovina exportada na primeira semana do mês (cinco dias úteis), de acordo com os dados parciais da Secretaria de Comércio Exterior. O valor médio da tonelada está 10% superior ao praticado em todo o mês de agosto de 2021, com US$6,246 milhões.

Mas veja, preciso insistir um pouco na questão do mercado externo e faturamento. Se considerarmos as médias diárias atingidas na primeira semana de agosto, vamos ter 7,8 mil toneladas embarcadas ao dia, com o faturamento de US$6,246 milhões/tonelada.

Considerando que em agosto de 2023 há 23 dias úteis, a projeção simples aponta para expressivo e recorde de faturamento em US$1,12 bilhão! Em Reais o faturamento da indústria frigorífica exportadora pode alcançar quase R$6 bilhões. Os argumentos com os dados oficiais de exportação são importantes para debater formação de preços e escalas no Brasil, além, é claro, da cambaleada demanda doméstica.

Há um ritmo de demanda por animais prontos no mercado brasileiro que mostra tendência de elevação na diferença de preços do boi destinado à China e o boi que não será entregue neste país. Os fundamentos são de observação aos parâmetros econômicos nacionais. Os indicadores setorizados da economia já mostram um claro controle do processo inflacionário (inflação que tem arrefecido a cada semana), aumento constante na geração de trabalho e renda e melhor distribuição de recursos. Entretanto, outros dados são muito negativos, como o do alto endividamento da população. E este último aspecto impacta diretamente na comercialização de carne bovina no mercado interno.

Por último voltou a chover, mas ainda sem regularidade nem expectativa de vir em breve. Também insisto que, mesmo com um mercado consumidor interno só sinalizando maior demanda na data festiva, em agosto a lógica deve trazer os preços para cima. Ao mesmo tempo há alguma folga nas escalas, em especial no estado de São Paulo.

Portanto, firmeza na estratégia de vendas, pois o andar da semana deve trazer nova conjuntura de pressão no período, provavelmente entre os dias 10 e 11.

Em resumo, o mercado está de lado. Em uma situação dessas o melhor é sempre tentar parar as negociações.


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