16/08/2022 às 11h44min - Atualizada em 16/08/2022 às 11h45min

Boi gordo: Hora de respirar e esperar

A irritação é generalizada no elo da produção brasileira. Os pecuaristas enfrentam, mais uma vez, o impacto de plantas frigoríficas em férias coletivas temporárias. Foi a primeira vez que tal fato ocorreu? Não! A medida é uma ação técnica para conter ociosidade industrial, reduzir preços praticados pela arroba, entre outros fatores. Portanto, é hora de observar os fatos e respirar.

Lembro de ter escrito, em nossa coluna, há quase um ano, em duas ou três semanas seguidas, sobre a importância do consumidor brasileiro para a cadeia produtiva da carne bovina. É uma medida importante, pois o tal poder de compra da população, seu alto  endividamento ou redução de dividendos, afeta todo o tipo de consumo interno, inclusive, de carne bovina.

Há quase 10 anos o consumo interno de carne bovina correspondia a 80% de toda a produção brasileira. Hoje os números estão em 65% e são muito expressivos. Vou repetir a frase como escrevi: “O mercado de carne bovina brasileira é um dos mais importantes do mundo”.

Agora, faço uma comparação que penso todos entenderem. Por exemplo, um ótimo profissional, com excelente formação, experiência e competitividade, com resultados tangíveis em cada período regular avaliado, será apenas um número quando, e se, um desses resultados vierem aquém do já entregue. Em resumo, uma multinacional tem maior preocupação em atender todos os vieses de investimentos que a compõem (acionistas) do que o interesse da cadeia produtiva na localidade na qual está inserida. Basicamente, plantas podem ser fechadas e reabertas a qualquer momento, desde que mantenha ou eleve a margem de lucro da companhia. 

Eu havia escrito na semana passada sobre a dificuldade que seria enfrentada entre os dias 10 e 11. A pancada foi bem maior…

- Foram seis plantas frigoríficas até (15/8) no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Pará;

- As escalas subiram, em média, três dias. As informações dão conta da linha de equilíbrio de abates entre 13 e 14 dias, a mais elevada em pouco mais de quatro anos;

- Em São Paulo as mesmas escalas estão em altos 17 dias;

- A queda de preço foi generalizada, no mercado físico e futuro;

- A aquisição de “boi China” com escalas tão altas não é um desafio para as indústrias.

Por outro lado, não há motivo para pânico. As coisas se complicaram e, francamente, do ponto de vista econômico, o boi ainda não arrasou tudo. Em linguagem direta pode sangrar mais e o pecuarista precisa estar calmo para lidar com pressão maior. Os produtores rurais que estão nas áreas afetadas diretamente e, até mesmo, mais distantes, estão experimentando um cenário caótico para negociar seus animais.

Mas amigos, preciso destacar que, se compararmos o valor monetário da arroba do boi  gordo entre 2021 e 2022, vamos encontrar preços mais baixos para o boi não exportado para a China. Por outro lado, no atacado e, principalmente, no varejo, os preços não cedem, permanecem praticamente inalterados. O preço recua para o produtor, mas nunca para o consumidor.

Para a semana devemos ter um cenário de busca de alguma estabilidade, alguma lógica na comercialização. Devemos ter poucos negócios  e muita pressão.


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