30/08/2022 às 11h29min - Atualizada em 30/08/2022 às 11h29min

Preços caem em toda cadeia produtiva, mas não chegam no consumidor brasileiro

Poucas mudanças foram identificadas na cadeia produtiva da pecuária bovina de corte nesta última semana e o movimento, lento, do mercado seguiu. Como prevíamos, as escalas seguiram confortáveis, o volume de negócios segue baixo, algumas propostas (mais baixas) foram feitas, poucos aceitaram, mas a arroba do gado pronto segue pressionada no Brasil.

A relação segue muito atrelada ao mercado doméstico brasileiro. O consumo interno é baixo, a recuperação do poder de compra da população ocorre, mas de maneira lenta, ainda não trazendo os efeitos possíveis para melhoria do mercado interno.

Por outro lado, algumas contas precisam ser feitas e consideradas ao falarmos de um dos mercados de carne bovina mais importantes do mundo, o brasileiro. Começo pelo pecuarista…

O pecuarista já recebe, há algum tempo, valores menores pela arroba do boi gordo não exportada para a China. Por sua vez, o frigorífico não exportador para este país da Ásia, pressiona o pecuarista com propostas mais baixas, mas também recebe pressão do atacado de carne bovina. O mercado atacadista está com muita oferta, com preços em queda e consegue comprar por preços mais baixos da indústria frigorífica. O mercado atacadista, como já descrito, está com preços mais baixos e em queda, acaba repassando para o mercado varejista. Todavia, este preço menor não chega ao consumidor final brasileiro.

A equação é irritante, mas precisa ficar clara: O pecuarista está recebendo menos (outros elos da cadeia produtiva também estão recebendo menos) mas o preço não cai para o consumidor final. É uma situação complicada, que tem trazido problemas de toda ordem e um ambiente de depressão de preços ao produtor.

Como descrito na nossa coluna na última semana, o desafogo no mercado atacadista, deve reduzir as escalas industriais e as propostas pela arroba do boi gordo subiriam. Entretanto, do varejo para o consumidor final doméstico precisa haver o repasse dos preços menores da carne bovina e da matéria-prima.

Abates de fêmeas devem subir?

Tenho certeza que sim e este fator deve trazer mais um impacto baixista no curto prazo, mas elevação no médio e longo prazos.

Há alguns meses escrevi na coluna sobre a elevação do rebanho brasileiro, maior número de bezerros nascendo e de fêmeas nas propriedades. E que este cenário estaria com os dias contados, com uma matança maior de fêmeas entre 2022 e 2023, abrindo um novo ciclo pecuário no país, algo sazonal e esperado. 

Pois é, na semana passada, quinta-feira, 25 de agosto, a Conab trouxe um levantamento que apontou para este cenário, em sua primeira projeção para pecuária, os abates de bovinos do Brasil, em 30,1 milhões de cabeças, alta de 2,7% no comparativo anual, em um momento de reversão no ciclo produtivo após anos de retenção de fêmeas.

Na prática, a produção de carne bovina crescerá 2,9% no próximo ano, maior volume desde 2018. O que possibilitaria elevação de 5% de aumento no volume exportado e também uma oferta interna maior, com alcance de disponibilidade per capita de 26 quilos por habitante/ano.

Para a semana atual, não acredito em mudanças bruscas, mas sim na continuidade do processo que temos visto nas últimas semanas ainda sem o retorno de muitas plantas que estão em procedimento de férias coletivas.


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