Como esperado, seguimos o momento de elevação da arroba do boi gordo (Boi China) fator que afeta principalmente os estados mais exportadores para este destino. Como na próxima semana há o carnaval no calendário oficial, muitas indústrias anteciparam suas compras, fator que deve seguir ainda até o dia 16, em uma tentativa de manter suas escalas. Além disso, tivemos apresentação do balanço de abates oficial do 4º trimestre de 2022 e poucos sinais de mudança no mercado de reposição.
Faz um bom tempo que cito por aqui o mercado de reposição, um tipo de negociação que sofreu também com as quedas da arroba do boi gordo, algo natural em cadeia produtiva, que ensaiou alguma alta na primeira semana do mês, mas voltou a apresentar recuo para boi magro e também bezerro. Consideramos aqui um cenário natural, quem termina animais precisa ter mais certezas quanto ao valor do boi gordo no Brasil. Basicamente, são necessárias algumas convicções quanto ao andamento do mercado para novos investimentos em um ano tão complicado e com tamanha matança de fêmeas.
Em resumo, sobre a questão gado de reposição, ainda estamos muito longe de ver uma recuperação consolidada e ela depende da valorização do boi gordo.
Tivemos o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística apresentando os números de abates do 4º trimestre. Os dados apresentados mostram que o número de animais que foi para o gancho cresceu fortemente. Explico: alguém aqui pode ter lido na mídia não-especializada o foco em queda frente a 3º trimestre. Este cenário é extremamente natural e só considerar que entre outubro e novembro temos o auge da entressafra de bois e as escalas fabris praticamente param antes do Natal. Já pontuada a questão sazonal, o 4º trimestre contou com o volumoso abate de 7,44 milhões de cabeças de bovinos (em algum tipo de serviço de inspeção sanitária), alta de 6,9% frente ao mesmo período de 2022. Os dados completos, por estados e, principalmente, a quantidade de fêmeas abatidas, vamos saber no próximo dia 15 de março. Todavia, se quiserem uma prévia, aconselho a ver os números do Indea-MT, houve crescimento nos abates de machos e fêmeas, mas vacas e novilhas atingiram 41,10% do total em janeiro/23.
Para falar da arroba do boi gordo é necessário falar também do mercado doméstico e externo. Há um claro fluxo no mercado interno brasileiro, principalmente na praça paulistana e podemos destacar também no varejo carioca. Como a indústria se concentra em território paulista e não fluminense temos elevação na arroba do boi comum em São Paulo. O mesmo cenário até se repete em outras praças brasileiras, como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, mas não com a mesma intensidade.
Dito isso, temos um mercado um pouco melhor do que o caos apresentado em janeiro deste ano. A arroba do boi gordo (China) na referência São Paulo, vem com robustos R$ 290 por arroba, com alguns lotes tendo alcançado até R$ 297 na última semana. O pecuarista segue, em todo o Brasil, com a comercialização lenta, resistindo a propostas mais baixas. Aparentemente, a indústria não conseguiu estivar os seus dias garantidos de trabalho e não devem conseguir exercer pressões mais expressivas após o período de carnaval.
Para a semana, o volume de negócios não deve ser dos maiores, antecedendo um período parado para as comercializações e com pouca atividade nos abates.