Ainda não está muito claro o que que deve acontecer com a política ambiental no próximo governo, que começa dia 1º de janeiro. Os primeiros sinais, na COP27, no Egito, deram boas indicações sobre o controle do desmatamento ilegal na Amazônia e o fechamento de garimpos ilegais que provocam destruição com lenta recuperação da floresta. Os sinais de fumaça foram o suficiente para promessas de financiamentos de programas de preservação do meio ambiente.
O reequipamento dos órgãos de fiscalização e controle da floresta brasileira é um sinal positivo e necessário, na medida que eles foram desmantelados e até a legislação chegou a ser alterada para permitir ações discutíveis. O governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) foi acusado de relegar o tema ao segundo escalão. Ele nega. De qualquer modo, pelas riquezas naturais que o país detém ou por pressão internacional, sabe-se que a polícia de preservação da floresta vai mudar.
No entanto, essa mudança vai provocar tensões. E o governo nem começou e as tensões já se espalham. O ex-ministro do Meio Ambiente do PT, Carlos Minc, disse na equipe do governo de transição que o cerrado só vai plantar soja sustentável, que fazendas que desmataram ilegalmente serão embargadas e que nos primeiros seis meses da administração, o desmatamento vai desaparecer.
São declarações que vão na contramão do que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula (PT) tem dito: que vai reunificar o país, fazendo com que as duas vertentes políticas que dominaram a eleição, se desarmem e que o país precisa ser unificado. Tais declarações de Minc são importantes para indicar que os compromissos necessários para zerar a emissão de gases que provocam o efeito estufa será implantado. No entanto, indica que não houve conversa com todos os setores produtivos para que isso seja feito com planejamento e sem provocar tensões desnecessárias.
Há um temor que a política ambientalista do novo governo se transforme em uma caça às bruxas de setores do agronegócio que não comungam da mesma visão política de mundo do Partido dos Trabalhadores. Já existem tensões suficientes, nessa área. Temos a demarcação realizadas de terras indígenas contestadas por produtores rurais, esperamos a decisão do STF que vai dizer se as demarcações devem ser a partir de 1988 ou da data do julgamento, etc.
Na verdade, é possível chegar a acordos e metas e, ao mesmo tempo, cumprir com os compromissos internacionais do país, como o Acordo de Paris, que vem sendo reafirmados a cada COP que se realiza. É hora de mais conversa e entendimento do que belicismo na política do Meio Ambiente no Brasil.