18/04/2023 às 08h55min - Atualizada em 18/04/2023 às 08h55min

Dias de pressões para a arroba do boi gordo em todo país

O boi gordo segue por uma semana mais lenta e deve refletir a forte pressão exercida pela indústria frigorífica entre os dias três e 14 de abril ainda mais com novo feriado na sexta-feira, dia 21. Somado ao argumento, temos também aquele período (antes da Semana Santa) que muitos pecuarista anteciparam suas vendas, no caso do Estado de São Paulo, preços para o Boi China até acima de R$ 300 por arroba, mas que trouxe a folga na escala que os frigoríficos perseguiam para o período pós “vaca louca fake”.

Então, para ser bem pontual, no curtíssimo prazo não há visibilidade para altas na arroba do boi gordo. Em São Paulo vemos o preço do boi China em R$ 285 por arroba. Com 11 ou 12 dias garantidos de escala (não é muito, mas o suficiente para a indústria pressionar) os compradores conseguem administrar as compras com ofertas em preços mais baixos. Nesta semana há um volume excedente de carne bovina no mercado atacadista paulista (referência nacional) carregado deste o começo do mês para este período. Também, o consumo interno de carne bovina fica meio “nocauteado” pelas outras proteínas, em especial o frango, bem mais competitivo no mercado interno.

Em torno dos elementos internos do mercado brasileiro, a pastagem tende a resistir e entrar em junho com capacidade de mantença dos animais, mesmo que tenhamos no Centro-Oeste brasileiro uma sensível redução nas chuvas. Se isto ocorrer, devemos ver uma reação antes da entrada total em período de entressafra. Observo que a indústria deve ter fôlego para segurar os preços em maio e não haver uma alta mais expressiva, apesar da tendência de volatilidade.

A proteção contra a tal volatilidade é o hedge do boi gordo. Os tais contratos em 2022 garantiram oferta suficiente para a indústria atender os seus contrato com a China (a carne bovina embarcada em outubro, novembro e dezembro, são de bois “contratados” em junho, julho e agosto. Mesmo período que os chineses também fecharam negócios). Tivemos compras de bois em setembro, outubro e novembro, mais pontuais e menos volumosas. Então, se considerarmos o ano de 2022 como “case” de trabalho, os contratos garantiram boa rentabilidade para alguns produtores rurais e pressionaram também ao final do ano. O que quero dizer é que a estratégia da indústria funcionou bem e alguns pecuaristas venderam seus animais por preços bem melhores no comparativo de quem esperou o último trimestre para vender.

O mês de abril deve ser o período de maior ressentimento da suspensão das exportações de carne bovina e pode fechar o mês com um volume de até 87 mil toneladas embarcadas, uma redução de 45% frente ao mesmo mês no último ano. De acordo com os dados da Secretaria de Comércio Exterior a indústria frigorífica exportadora embarcou 43,2 mil toneladas em nove dias úteis.

No meu entendimento, sem problemas. O volume será recomposto nos próximos meses.

É necessário prestar bastante atenção com os custos e as margens. Já seria um ano bastante complicado, cenário que ficou mais tumultuado com a suspensão de embarques para a China. Entendo, ser preciso um equilíbrio para evitar cenários danosos no aspecto comercial. Trata-se de negociar de formas diferentes, ter um mix de comercialização capaz de garantir bons resultados. Com isso, certamente, é mais difícil vender o maior volume de animais no momento de maior pico de preços, mas, certamente, evita prejuízos e preços baixos, caso ocorram.

 

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