O presidente da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, Alok Sharma, veio ao Brasil para participar de eventos promovidos pelo Reino Unido sobre movimentos sociais e ambientais e de pesquisa. Nesta quinta-feira (5) ele A Embrapa Cerrados, no Distrito Federal. Ele cumpre agenda com empresários, autoridades e representantes que defendem o meio ambiente.
Ele visitou um experimento que está sendo realizado pela Embrapa. O Sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Ele acompanhou a explanação de Fernando Camargo, Celso Moretti, de Roberto Guimarães Júnior e da coordenadora geral de Mudanças do Clima do Mapa, Fabiana Villa Alves. Ele estava acompanhado pelo embaixador do Reino Unido no Brasil, Peter Wilson.
“Estamos mostrando que o Brasil faz agricultura de uma forma diferente e sustentável, baseada na ciência e na tecnologia, graças ao trabalho da Embrapa”, disse Camargo, à assessoria de imprensa da Embrapa, explicando a transformação agrícola do Cerrado, baseada na correção dos solos ácidos e na adaptação de culturas ao clima tropical.
Ele diz que “graças à tecnologia, hoje é possível ter duas ou três safras anuais. Mas a agricultura tem que caminhar de mãos dadas com a proteção dos ecossistemas. Posso assegurar que o Brasil está pavimentando o caminho para um futuro mais verde e seguro para as próximas gerações. Precisamos mostrar isso ao mundo durante a COP26”, salientou.
ILPF
Alok Sharma conheceu o sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, ILPF, com diferentes formas de produção na agricultura, pecuária e floresta, numa mesma área. O cultivo pode ser feito em consórcio, sucessão ou rotação e permitem 3 safras no ano. Hoje, o ILPF ocupa 17 milhões de hectares no Brasil. A apresentação foi feita pelo pesquisador Roberto Guimarães Júnior.
Roberto Guimarães, segundo a assessoria de imprensa da Embrapa, as vantagens dos sistemas de integração: “Eles se adequam a diferentes condições climáticas, e isso é importante porque somos um país continental, e podem ser aplicados em propriedades pequenas médias e grandes”, afirmou.
Segundo ele o sistema recupera a produtividade de pastagens degradadas a baixo custo, mais animais por hectare, ganho de peso, aumenta a produção do leite e embriões (por c causa da sombra), protege o solo, evita pragas e doenças e aumenta a absorção da água pelo solo.
A assessoria destaca ainda que “ele mostrou dados de experimentos comprovando a capacidade dos sistemas de integração de ciclar de nutrientes, com economia de fertilizantes de nitrogênio, fósforo e potássio; acumular carbono no solo; e mitigar emissões de GEE como o óxido nitroso e o metano, permitindo um balanço positivo de carbono na propriedade ao longo do tempo”.
Mais informações sobre o ILPF no Rural Sustentável, da Embrapa.
Brasil na COP26
A Embrapa afirma que o Brasil “deverá ser destaque na conferência mundial sobre o clima, que será realizada de 31 de outubro a 12 de novembro em Glasgow, na Escócia”. Um dos compromissos de Sharma no Brasil foi discutir a participação brasileira na COP26, com o vice-presidente da República Hamilton Mourão, os ministros Tereza Cristina, da Agricultura, Joaquim Leite, do Meio Ambiente, e Carlos França, das Relações Exteriores.
Sustentabilidade na agricultura
Fabiana Alves mostrou que a agricultura brasileira é elemento importante na mitigação das emissões de gases de efeito estufa (GEE) e a segurança alimentar do País. Um dado impressionante e que mostra a evolução da pesquisa agrícola no país: desde 1976 a produtividade aumentou em 456%, enquanto o aumento da área cultivada foi de apenas 55%.
Para ela, “isso trouxe segurança alimentar para a população brasileira. Deixamos de ser um grande importador de alimentos e o preço da alimentação para o público em geral caiu pela metade”, explicou, destacando que toda a produção agropecuária está concentrada em apenas 30% dos 851,5 milhões ha de área total do País.
Ela mostrou que o Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC), do Governo Federal, proporcionou aumento da sustentabilidade da agricultura com a adoção de seis tecnologias de baixa emissão de carbono – recuperação de pastagens degradadas, sistemas de ILPF, Sistema Plantio Direto (SPD), florestas plantadas, fixação biológica de nitrogênio e tratamento de dejetos animais. Entre 2010 e 2018, foram alcançados 50 milhões de ha com essas tecnologias, o que representou uma mitigação de cerca de 170 milhões de Mg CO2-equivalente de GEE.
(Fonte: Breno Lobato/Embrapa)