Nesta semana, o Comitê de Inovação da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) divulgou o documento Position Paper: Visão da Inovação e da Competitividade do Agronegócio. Elaborado a partir do resultado de uma pesquisa realizada entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, traz a análise da conjuntura, os desafios e as mudanças no cenário de inovação e competitividade do setor.
Seu principal objetivo, de acordo com o Comitê, é identificar, mapear e analisar as ações desenvolvidas nas organizações, com base nos princípios de uma agenda positiva de inovação e competitividade do agro, do ponto de vista das cadeias produtivas do setor.
Para chegar ao objetivo proposto, a pesquisa mensurou fatores que afetam o agronegócio e as empresas deste segmento, o que inclui startups e scale-ups (as que já têm um negócio sustentável).
A pesquisa contou com a participação de 100 profissionais ligados de forma direta e indireta ao ecossistema do agronegócio. Destes, 24% são do mercado, 16% da academia, 15% de instituições do governo, 10% da indústria e 7% são produtores rurais. Conforme o documento, no agro, o destaque foi a pecuária, com 54% dos entrevistados, seguida por grãos, com 21%.
Os participantes apontaram entraves, tendências e sugeriram algumas ações. Cerca de 60% destacaram agricultura de precisão, inteligência artificial, equipamentos autônomos, aplicativos e softwares de gestão como principais tendências em inovação. Também foram mencionadas tecnologias de rastreabilidade, como blockchain e agricultura verticalizada.
Para 85% dos participantes da pesquisa, o principal entrave à competitividade do setor é a infraestrutura. A seguir, estão os efeitos das mudanças climáticas e das regulações e políticas públicas. Entre as sugestões para minimizar o impacto desses problemas foram citadas a melhoria da gestão e da governança das empresas, assim das políticas e incentivos públicos, no caso, por meio da educação.
Com base no resultado da pesquisa, quatro direcionadores principais foram desenvolvidos pela Abag, com o objetivo de orientar ações próprias e também do setor, no âmbito da inovação e do fomento da competitividade: Pesquisa-Inovação, Gestão-Educação, Brasil-Mundo e Agro-Meio Ambiente.
O direcionador Pesquisa-Inovação envolve cinco frentes: inovação para maior produção e maior competitividade frente aos custos e regulações restritivas; o setor se tornar referência em agrotecnologia, exportando know-how e inovação; ampliação do fomento à aquisição de ferramentas e equipamentos inovadores; maior conectividade no campo; e considerar as realidades distintas no país ao desenvolver tecnologias.
Entre as ações norteadoras do drive Gestão-Educação está o alinhamento de universidades, empresas de inovação e do setor, para a realização de trabalho conjunto de transformação da educação voltada para o agro, com a inclusão de tópicos como inovação, competitividade e realidade do campo nas grades curriculares e centros de pesquisa acadêmica.
Entre os destaques do direcionador Brasil-Mundo estão integração entre a iniciativa pública e privada, visando o desenvolvimento de soluções para os principais gargalos do agro, e o fortalecimento da representatividade internacional, por meio de um trabalho das entidades de classe.
Por fim, o drive Agro-Meio Ambiente considera a sustentabilidade um diferencial do agro brasileiro, razão pela qual deve mostrar esse valor os mercados interno e externo por meio da redução dos impactos ambientais da atividade agropecuária e agroindustrial.
Nesse sentido, segundo o Comitê, a Abag continuará a atuar em prol de políticas públicas coerentes com essa realidade, destaque para temáticas como plantio direto, redução das emissões de gases de efeito estufa, rastreabilidade e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF).