22/02/2023 às 08h54min - Atualizada em 22/02/2023 às 08h54min

Semana com suspeita de vaca louca atípico e expectativas de mercado

Chegamos na semana curta, com uma redução considerável de dias de trabalho e negociação no mercado do boi gordo. Somamos a isso, o período anterior ter encerrado com os valores em alta para arroba, um distanciamento cada vez maior para os preços praticados para o boi China em São Paulo, quando comparado a outras praças como Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso. As escalas foram reduzidas mais uma vez e a China tenta “administrar” suas compras, com observação a valorização da carne bovina no cenário internacional e a Europa compra volume maior do produto brasileiro. Tudo isso somado a confirmação de suspeita de Encefalopatia Espongiforme Bovina “vaca louca” em um animal (provavelmente uma fêmea de oito anos) no Estado do Pará.

O último aspecto citado no primeiro parágrafo congela o desenvolvimento textual para os demais argumentos, por uma ou algumas semanas. Portanto, vamos direto ao fato: os desdobramentos do cenário criado.

- Os rumores começaram na última sexta-feira, com alguns pecuaristas do Pará afirmando não terem conseguido concluir negociações por conta de algum problema identificado no estado (os compradores já sabiam);

- No final de semana já se falava abertamente sobre a questão;

- O fator foi confirmado pelo Ministério da Agricultura na tarde de segunda-feira;

- As ações foram tomadas, mas não houve divulgação de muitos detalhes;

- As mostrar foram enviadas para serem analisadas em laboratório fora do país;

- Todo esse negócio ocorreu durante o “Carnaval” brasileiro deixando o cenário ainda mais obscuro;

- Os resultados devem sair na quinta-feira, 23/2/23.

 O protocolo sanitário assinado entre Brasil e China prevê que quando há registro da doença ou suspeição, o acordo de exportação é suspenso unilateralmente (pelo Brasil), em automático. O cenário não se altera até a comprovação de se tratar de caso atípico. Quem suspende o bloqueio é a China, como em setembro de 2021.

Quero acreditar que o caso será como “aqueles” de setembro de 2021, quando foram identificados animais com casos atípicos. Há diferenças em torno daquele momento e o atual. Observem: Os contratos de compra são fechados meses antes da carne ser produzida e enviada ao exterior, no nono mês de 2021 a China já havia recebido grandes volumes de carne bovina e havia sido abastecida, ainda em setembro recebeu volumes de carne bovina do Brasil. Enfim, quero dizer que a China estava abastecida para o feriado de ano novo lunar e como queria repactuar preços, negociou, lentamente, a suspensão do bloqueio. A negociação teve a precisa atuação da ex-ministra e agora senadora por Mato Grosso do Sul, Tereza Cristina, a frente do processo.

Há diferenças no momento atual com aquele:

- A China está voltando do tal feriado de ano novo;

- Os estoques chineses são baixos;

- A China está em forte aceleração econômica;

- a demanda é alta por carne bovina na China;

- A China estava ressentindo os preços internacionais mais altos para a carne bovina.

Enfim, acredito que tudo dando certo, a China vai buscar pressionar os preços de carne bovina. Vai haver uma visita do novo Governo aos chineses em breve. Espero que usem este cenário a favor da pecuária brasileira. Estou certo que os negociadores chineses vão tentar repactuar preços, mas acreditem: eles precisam muito fazer as aquisições deste produto e este só tem no Brasil.

 

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