10/02/2023 às 09h12min - Atualizada em 10/02/2023 às 09h12min

Capins forrageiros para o gado, um pacote de pesquisa e tecnologia

Este ano, quem foi ao Show Rural Coopavel, evento realizado entre 6 e 10 de fevereiro, em Cascavel, no Paraná, pode apreciar uma mostra de canteiros de capins forrageiros selecionados para o gado de corte e de leite. Entre estes, nomes consagrados de braquiárias e panicuns, com BRS Piatã, BRS Quênia, BRS Paiaguás, BRS Zuri, BRS Ipyporã, BRS Tamani e BRS Integra, além da novidade, o BRS Sarandi, do gênero Andropogon gayanus, todos desenvolvidos pela Embrapa que completa 50 anos em 2023.

O que muitos não imaginam é o esforço tecnológico para se chegar ao desenvolvimento dessas forrageiras, que foram selecionadas de acordo com finalidades e características específicas, como tolerância ao clima e às principais pragas, adaptação à fertilidade dos solos, sistema de criação.

Isso sem mencionar o tempo e os recursos utilizados para se chegar a variedades especiais, de alto rendimento e altas qualidades nutricionais, fatores impactantes na qualidade do leite, na maciez e no sabor da carne.

Para se ter uma ideia, as pesquisas com os gêneros Andropogon, Arachis, Brachiaria, Cajanus, Panicum, Paspalum, Pennisetum e Stylosanthes envolveram a Embrapa Gado de Corte, Embrapa Gado de Leite, Embrapa Cerrados, Embrapa Pecuária Sudeste e Embrapa Acre. Também contaram com a colaboração da Embrapa Agropecuária Oeste, Embrapa Agrossilvipastoril, Embrapa Caprinos e Ovinos, Embrapa Pesca e Aquicultura, Embrapa Milho e Sorgo e Embrapa Amazônia Oriental.

Desde 2002, as pesquisas com forrageiras para o gado ganharam o reforço da parceria entre a Embrapa com a Unipasto (Associação para o Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras). O esforço conjunto resultou no desenvolvimento das leguminosas BRS Bela e BRS Mandarim e das cultivares Piatã, Paiaguás, Tupi, Zuri, Quênia, Tamani, Ipyporã, BRS Integra e BRS Sarandi.

Não por acaso, a BRS Piatã e BRS Zuri estão entre as cultivares de forrageiras tropicais preferidas pelos produtores rurais, destacando-se entre as mais comercializadas e exportadas.

Em meio aos gêneros Brachiaria e Panicum maximum, predominantes nas pastagens do território brasileiro, no canteiro da Embrapa na Coopavel, o visitante pode conferir BRS Sarandi (gramínea forrageira da espécie Andropogon gayanus). Ainda no mercado, se sobressai por sua alta produtividade de matéria seca. Ideal para sistemas intensivos de produção animal, é uma opção para solos pobres e com estresse hídrico, como os do Cerrado.

O time das braquiárias

Também presente no canteiro da Embrapa, a BRS RB331 Ipyporã foi o primeiro híbrido de braquiária da Embrapa, cujas pesquisas começaram em 1992, a partir do cruzamento de Brachiaria ruziziensis com Brachiaria brizantha. A cultivar alia resistência a cigarrinhas (da B. brizantha) e alto valor nutritivo (da B. ruziziensis), o que resulta em qualidade nutricional com reflexo no aumento do ganho de peso por animal estimado em 17%.

Outra cultivar de braquiária mostrada, a Paiaguás, resistente à seca e recomendada para sistemas de produção integrados, com milho safrinha e na entressafra da soja, une alta produção de folhas, com vigor e boa cobertura do solo ao longo do ano, especialmente no inverno.

Também faz parte do pacote tecnológico a primeira cultivar de forrageira protegida da Embrapa, a BRS Piatã, lançada em 2007. Moderadamente resistente às cigarrinhas das pastagens, com pico de produção nos meses mais secos do ano, possui alto valor nutritivo e elevada taxa de crescimento e rebrota.

Outro destaque entre as braquiárias é a BRS Integra, disponível ao produtor desde o ano passado. Fazendo jus ao próprio nome, é apropriada para sistemas de Integração Lavoura, Pecuária e Florestas (ILPF), para solos de média à alta fertilidade. Entre os seus diferenciais, estão produção de forragem na entressafra, alta quantidade de folhas com qualidade nutricional e boa palhada.

A vez dos panicuns

BRS Quênia, cultivar híbrida (que resulta de cruzamento entre plantas) de Panicum maximum, tem como apelo alta produção, forragem de qualidade e fácil manejo. Outras características são melhor arquitetura de planta, com touceiras de menor tamanho, maior densidade de folhas verdes e macias, colmos tenros, o que facilita o manejo do pastejo e a manutenção da estrutura do pasto mais favorável ao alto consumo da forragem pelo gado.

Outra representante do gênero Panicum maximum é a BRS Tamani, apropriada para as condições do Cerrado, com alta persistência nos períodos seco e chuvoso, porém, baixa tolerância ao encharcamento. Cultivar híbrida indicada para solos de média a alta fertilidade, tem porte baixo, boa quantidade de folhas e perfilhos, o que resulta em melhor cobertura de solo e alto valor nutritivo.

Por fim, a cultivar de Panicum maximum BRS Zuri, é uma boa escolha para diversificação e intensificação ao sistema produtivo. Com alto grau de resistência à mancha das folhas, causada pelo fungo Bipolaris maydis, é recomendada para pastejo rotacionado.

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