Pasto é segurança na pecuária. Se existe uma resposta a momentos de crise no setor e pressão na arroba do boi gordo, pode estar certo ser uma frase composta com alguns elementos e a expressão “pastagem” citada com destaque. É exatamente este cultivo que proporciona a resistência para o pecuarista recusar ofertas abaixo da referência da indústria frigorífica e gerar firmeza nos negócios.
Se começo desta forma o artigo da semana, também resgato a ele elementos já tantas vezes descrito por aqui. A volta da China para o mercado, após o feriado de ano novo lunar; as expectativas de aumento no consumo de carne bovina; e a confirmação de uma expectativa (começa a se confirmar) do distanciamento de preços do boi China e do convencional no Brasil.
Como de costume, desenvolvo a argumentação em ordem inversa ao que foi citado nos primeiros parágrafos. As questões ligadas ao setor industrial são de alta relevância e, apesar da clara resistência dos frigoríficos em São Paulo em relação ao pagamento de valores acima da referência para a arroba do boi gordo, a barreira foi vazada e há registros de negócios acima de R$ 292 /@ e até de R$ 294 (Boi China). Também trago para a argumentação os números do boi gordo no mercado futuro, negociados na B3. Na última segunda-feira, dia 6, o contrato de fevereiro fechou em R$ 301,00 com alta de 0,33% e março com elevação de R$ 301,01 +0,40%. Apesar de um cenário ligeiramente melhor e, até o recuo de um dia nas escalas das plantas frigoríficas, são ainda “expressivos” nove dias na média nacional de escala para a atividade fabril, fator que proporciona condições para o comprador pressionar os preços pagos ao pecuarista. Contudo, lembra que eu disse que pasto é um escudo na pecuária? Ou mais ou menos isso? Logo na abertura do artigo…
Sigo delineando os elementos que seguem a influenciar a pecuária de corte brasileira e, de maneira pontual, a semana, entre 6 e 10 de fevereiro, é marcada pelo quinto dia útil e com isso recebimento de salários e consequente conversão em proteína animal e, claro, carne bovina. Todavia, há estimativas de elevação no consumo de carne bovina no ano de 2023 em 1,5% sobre os 27,7 quilos per capita e alcançar 28,2 quilos por pessoa. O recuo no consumo de carne bovina entre o começo de 2020 e o final de 2022 é o maior da história e está muito relacionado ao poder de compra do consumidor brasileiro (em média).
Nas exportações são esperados bons volumes embarcados para a China e também para o mercado europeu em 2023. O sentimento de um mercado mais sólido para a pecuária de corte segue fundamentado nas exportações, enquanto o consumo interno patina e busca se recuperar.
Para o restante da semana é esperado um pouco mais do que temos visto nos últimos 15 dias. Com tentativas de ofertas abaixo da referência em vários estados brasileiros e um contra-ataque do pecuarista segurando o rebanho no pasto em espera por oferta melhores.