25/01/2023 às 10h40min - Atualizada em 25/01/2023 às 10h09min

Regras sanitárias desestabilizam a indústria de abate bovino no Paraná

Com a paralisação das maiores plantas de abate de bovinos no norte do Paraná e a perda de centenas de postos de trabalho, o Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado do Paraná (Sindicarne-PR) pede a intervenção do governador do estado, Ratinho Júnior, com ajuda urgente ao setor.

Conforme explica nota enviada pelo sindicato à imprensa na terça-feira (24), o Sindicarne-PR acredita que o fechamento de uma grande planta de abate “é um reflexo amargo da crise instalada no setor industrial da carne bovina nos últimos anos, gerada pela combinação de uma extensa lista de fatores negativos: aumento de custos, fuga de matéria-prima para outros estados, desidratação do consumo interno, além da perspectiva sombria de aumento da carga tributária’’.

Segundo a entidade, “o cenário mercadológico da carne bovina paranaense já era adverso quando ocorreu o reconhecimento do estado do Paraná como área livre de febre aftosa sem vacinação e a consequente imposição de medidas sanitárias restritivas à entrada de animais provenientes de outros estados onde a vacinação continua sendo adotada. Esse quadro desestabilizou a dinâmica da cadeia pecuária bovina estadual, gerando crescentes dificuldades e prejuízos aos frigoríficos paranaenses”.

Não bastasse esse quadro, o setor será ainda mais onerado com a cobrança do Fundo de Recuperação e Estabilização Fiscal do Paraná (Funrep), a partir de março de 2023. O Sindicato acredita que se essa taxa será o golpe fatal para muitas empresas do setor no Paraná caso seja realmente cobrada.

Em 2020, com o início das restrições sanitárias, houve êxodo de bovinos para outros estados, principalmente São Paulo, impossibilitando que frigoríficos paranaenses garantissem as escalas de abate necessárias para rentabilizar minimamente suas operações. Esse patamar recuou ligeiramente em 2021, mas voltou a subir com ainda mais força em 2022.

Para garantir a formação de escalas de abate e cumprir seus compromissos contratuais, os frigoríficos paranaenses foram obrigados a assumir um ônus logístico adicional exorbitante na busca de animais para abate a milhares de quilômetros, nos estados de Rondônia e Acre, que possuem o mesmo status sanitário.

Ainda assim, o volume de abates dos frigoríficos com SIF recuou. Passou de 835 mil cabeças em 2019 para 795 mil cabeças em 2020 e 695 mil cabeças em 2021, uma queda de 17% em apenas dois anos. Até cinco anos atrás, era de 1 milhão de cabeças/ano.
“É vergonhoso e inaceitável para a tradição centenária da cadeia industrial da carne bovina paranaense que o Paraná continue seguindo no rumo de converter-se em mero fornecedor de gado para outros estados”, concluiu o Sindicarne-PR.

Da Redação, com CarneTec

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