O impasse sobre os precatórios que a União tem de pagar travou o mercado secundário de negociação desses títulos. Até que haja maior clareza sobre o que será feito, está muito difícil dar preço para esses papéis, afirma uma fonte que opera com precatórios. "O mercado está reagindo mal, como deveria", diz esse interlocutor. "Essa imprevisibilidade aumenta o risco e diminui o apetite."
O cenário se deteriorou nos últimos dias com a costura, pelo governo, de uma solução para tirar os precatórios do teto de gastos, de forma a liberar recursos para um Bolsa Família turbinado. Na manhã desta terça-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que não há calote, mas admitiu que "não há capacidade de pagamento" para honrar os precatórios, que somam R$ 53 bilhões neste ano e R$ 90 bilhões em 2022.
O mercado secundário movimenta uma pequena fração desse valor – algo em torno de 15% do volume de face total. Nesse tipo de operação, investidores compram com desconto os títulos contra a União, passando a ser credores. Os precatórios da União são considerados os de risco mais baixo, já que os títulos têm sido pagos com regularidade há mais de duas décadas.