O artigo da semana começa com destaque para dois fatores importantes: O banco cooperativo de origem holandesa, o Rabobank, trouxe considerações importantes e em linha com parte relevante do descrito em nossa coluna durante o ano de 2022; o STF deu na última sexta-feira, dia 16, provimento parcial, por 6 votos a 5, à Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) nº 4.395, no sentido de que o Funrural não é devido pelos frigoríficos adquirentes da produção, consumidora ou consignatária ou cooperativa. A divulgação foi da Associação Brasileira de Frigoríficos, Abrafrigo, autora da ação.
Começo pelo final do parágrafo de abertura, com a importante decisão do Supremo Tribunal Federal, que tem sido protelada por cerca de 12 anos, mas trouxe a exoneração dos frigoríficos do pagamento do tributo retroativamente ao período em que a sub-rogação foi declarada inconstitucional. De acordo com a Abrafrigo, os efeitos da decisão se estendem não só às partes do processo, mas a todo contribuinte do país que esteve e ainda está sendo chamado a recolher este tributo.
Por outro lado, o Rabobank deu números ao crescimento da produção de carne bovina brasileira em 2023. A previsão da instituição é de alta de 2%. Conforme o levantamento, a elevação será definida pela demanda internacional de carne bovina e também a retomada do consumo doméstico no país, que pode apresentar crescimento de 1,5%.
Com os fatores expostos, abordo o artigo da última semana, no qual eu comentava aquele cenário de maior produção de carne bovina no Brasil e outras instituições e levantamentos já apontavam para uma alta de 2%, mas ao mesmo tempo eu fazia uma analogia com as seguintes afirmações:
- A demanda chinesa de carne bovina é consolidada e crescente;
- Os Estados Unidos vão produzir volume menor de carne bovina em 2023, de 2% a 2,5% a menos, o inverso da situação brasileira.
Fatores que abrem uma infinidade de possibilidades para um país que vai produzir um volume maior de carne bovina... como o Brasil.
Um dos elementos destacados pelos analistas do Rabobank e totalmente em linha com os artigos de nossa coluna dos últimos meses, no qual temos apontado como deve ficar o referencial para a produção de bovinos no Brasil que está na elevação da oferta devido ao maior abate de vacas e a recuperação dos estoques de boi magro e boi gordo, cenários que devem ser um dos principais diferenciais com relação ao ano anterior.
Eu acrescento, mais uma vez, que a característica de inversão de ciclo, já ocorre e não, necessariamente, significa preços mais baixos. A força da demanda internacional e a recuperação parcial do consumo interno deve trazer o equilíbrio para o mercado da carne bovina brasileira.
Para os próximos dias devemos ter volume de negócios menor, ao considerar a sazonalidade. Os preços da arroba do boi gordo seguem estáveis em praticamente todo país, as escalas estão fechadas, em alguns estados, até os primeiros dias de janeiro. Vale dizer que bezerro e boi magro têm apresentado preços menores, algo igualmente esperado para o momento.