03/08/2021 às 14h00min - Atualizada em 03/08/2021 às 14h00min

Itaú Unibanco espera margem financeira líquida positiva nos próximos meses

Alexsandro Broedel, CFO do Itaú Unibanco, disse em teleconferência com jornalistas nesta terça-feira (03) que a previsão para a margem financeira líquida é positiva para os próximos meses. “O crescimento do NIM [margem financeira líquida] não acontecia há alguns trimestres”, avaliou.

A margem financeira do Itaú foi de R$ 18,792 bilhões no segundo trimestre, com alta de 0,8% na comparação com primeiro trimestre e de 5,7% frente ao segundo trimestre do ano anterior. A margem com clientes ficou em R$ 16,802 bilhões, com alta de 3,9% no trimestre e avanço de 2,0% em 12 meses.

Para o crescimento da margem com cliente, Broedel destacou o crescimento da carteira de crédito, favorecido por um maior mix de produtos, apesar de uma leve redução spread oriundo do crescimento da Selic que não é automaticamente repassado ao cliente.

O Itaú encerrou junho com R$ 909,1 bilhões na carteira de crédito expandida. O saldo aumentou 0,3% em relação ao primeiro trimestre e cresceu 12,0% na comparação com junho do ano passado. A carteira de pessoa física teve alta anual de 22,3%, enquanto em pessoa jurídica avançou 9,3%.

Broedel comentou que, em relação ao crédito pessoal, o cheque especial teve queda de 19,2% no segundo trimestre na comparação com igual período do ano passado, mas isso mostra que ainda tem “espaço grande” para crescer para retomar nível do ano passado. Na comparação com o primeiro trimestre, houve alta de 3,4% nesse produto.

O CFO do Itaú enfatizou que os indicadores de inadimplência “estão muito positivos, muito bem controlados”. Ele explicou que o crescimento no índice de inadimplência (NPL) de 15 a 90 dias nas operações na América Latina, ao passar de 2% em março, para 3,9% em junho, é referente a um caso específico de atraso, já provisionado e que não será visto no indicador acima de 90 dias do próximo balanço.

O banco encerrou junho com inadimplência de 2,3% na carteira de crédito, estável frente a março. A taxa havia ficado em 2,7% em junho do ano passado.

Estimativas

Com uma melhora na atividade econômica, o Itaú revisou o guidance deste ano para carteira de crédito, margem financeira com mercado e custo de crédito. Mas não houve mudança da margem com cliente, por entender “que o range se adequa à nova realidade”. “Houve uma melhora do mix principalmente no varejo. Apesar do deslocamento, não era necessário revisar [agora, a margem de cliente]. A expectativa é que se comporte mais no topo de range”, disse Milton Maluhy Filho, presidente do banco, durante a teleconferência.

O guidance para margem com clientes é crescer entre 2,5% e 6,5% no consolidado, e entre 3,0% e 7,0%, no Brasil. Da mesma forma, foram mantidos para receita com prestação de serviços, despesas não recorrentes de juros e alíquota efetiva de IR/CS.

Já a carteira de crédito total, a expectativa passou de crescimento entre 5,5% e 9,5%, para avanço de 8,5% e 11,5%, no consolidado. Especificamente no Brasil, a previsão passou de aumento entre 8,5% e 12,5%, para entre 12,5% e 15,5%.

A margem financeira com mercado foi revista para ficar entre R$ 4,9 bilhões e R$ 6,4 bilhões, para entre R$ 6,5 bilhões e R$ 8,0 bilhões, em relação ao consolidado. No Brasil, a previsão passou de R$ 3,3 bilhões e R$ 4,8 bilhões.

Em relação ao custo de crédito, o guidance agora está entre R$ 19,0 bilhões e R$ 22,0 bilhões, contra R$ 21,3 bilhões e R$ 24,3 bilhões na previsão anterior. No Brasil, passou de atingir entre R$ 19,0 bilhões e R$ 22,0 bilhões para entre R$ 17,0 bilhões e R$ 20,0 bilhões.

Para o Itaú, a economia deve avançar próximo a 5,8% em 2021. “Antes víamos um PIB crescendo a 4% e no final do dia a economia se mostrou muito resiliente”, disse Maluhy. Contudo, a pressão inflacionária é a principal preocupação, segundo ele, e que pode exigir um aperto monetário. A previsão é que taxa Selic feche em 7,5% neste ano.

Volta aos escritórios

Maluhy afirmou que não há data fixa para a volta dos funcionários aos escritórios. Segundo ele, este mês o banco deve começar um projeto piloto, com algo entre 1 mil e 2 mil funcionários voluntários, em um modelo híbrido com o home office.

De acordo com presidente do banco, muito provavelmente o Itaú não terá um modelo único para todo o banco, ou seja, cada área terá suas particularidades. “Devemos ter um modelo híbrido, aproveitando o aprendizado do home office”.

Segundo ele, o banco ainda não tomou uma decisão se vai exigir ou não vacina dos funcionários. “Acreditamos mais nos protocolos de segurança do que simplesmente definir se o funcionário tem ou não que estar vacinado. Os protocolos estão funcionando muito bem, dando segurança para quem está na ponta”.

Maluhy também afirmou que o Itaú vem reduzindo sua folha de pagamento nos últimos anos, contando hoje com algo em torno de 72,6 mil colaboradores, ante 74,5 mil em junho de 2020. Por outro lado, os funcionários de tecnologia passaram de 9,9 mil para 13 mil nesse período. Com isso, o total do banco ficou em 98,3 mil empregados em junho (há 12 mil em outros países da América Latina), com alta anual de 0,8%.

O CEO explicou que a partir de agora o Itaú deve ver uma desaceleração nas contratos de TI, caminhando para uma estabilização.

Vendas por canais digitais

Broedel avaliou o resultado do segundo trimestre do banco como “sólido” e “consistente”. O Itaú obteve lucro de R$ 6,543 bilhões, o que representa alta de 55,6% na comparação com o mesmo período do ano passado e avanço de 2,3% ante o trimestre imediatamente anterior.

O resultado veio acima das projeções dos analistas consultados pelo Valor, que apontavam um ganho de R$ 6,381 bilhões. Entre os destaques apontados por ele está o aumento da receita de tarifas, “mesmo com cisão da fatia na XP”, e o avanço do canal digital.

De acordo com a instituição, no segundo trimestre foram conquistados 4,7 milhões de clientes por meio de canais digitais, alta de 27% frente ao primeiro trimestre de 2021. Só o banco digital iti, que evoluiu de carteira digital para uma operação completa de banco 100% digital, atingiu 7,8 milhões de clientes em junho. Foram conquistados mais de 2,6 milhões de clientes entre abril e junho deste ano, dos quais 90% não são correntistas do Itaú. “Queremos quadruplicar vendas por canais digitais até 2025, representando 50% da receita”, disse Broedel.

Maluhy afirmou que deve levar pelo menos mais uns dois anos até que o banco digital iti chegue ao “breakeven” (ponto de equilíbrio). “O iti não está em ‘breakeven’, estamos avançando nos investimentos, tem custo de aquisição, de ativação dos clientes, de marketing, de desenho da plataforma. Não tem um número mágico de clientes para atingir o ‘breakeven’. Isso tem mais a ver com a completude da oferta do que com a base de clientes. O que vai mudar estruturalmente o resultado do iti é a oferta de crédito”, explicou.

Inadimplência

O presidente do Itaú afirmou que a inadimplência de pessoa física, que ficou em 3,6% no segundo trimestre, seria de quase 2,8% não fosse a carteira flexibilidade, das pausas nos pagamentos oferecidas pelo banco aos clientes durante a pandemia.

Atualmente, essa carteira flexibilidade está em R$ 40,7 bilhões, com redução de 11,5% em relação a março. Segundo Maluhy, o ritmo de amortização dessa carteira tem sido em torno de R$ 5 bilhões por trimestre e isso é bom, porque essa redução afeta positivamente a margem financeira. “O desempenho dessa carteira tem sido melhor que o esperado, mas temos de ter cautela, pois teremos o fim do auxílio emergencial”, comentou.

O atraso acima de 90 dias nessa carteira está em 9,7%, mas há um efeito denominador aqui, já que a carteira vem diminuindo aceleradamente.

Sobre a área de seguros, Maluhy comentou que os prêmios cresceram, mas o resultado diminuiu em função do aumento da sinistralidade relacionada com a pandemia. O CEO do Itaú reforçou que a melhor política econômica é a vacinação e que, apesar de os números da pandemia estarem melhorando, a variante delta exige cautela.

Após um crescimento que o Itaú projeta em 5,8% este ano, o PIB brasileiro deve desacelerar para cerca de 2% em 2022, também em função do aperto monetário, o que, segundo Maluhy, também exige alguma cautela do banco. Ele estima que a Selic deve terminar este ano a 7,5%, mas diz que um juro de um dígito ainda é bastante confortável para um país com histórico como o do Brasil.

O diretor executivo financeiro do Itaú, Alexsandro Broedel, apontou que o banco já atingiu os níveis de performance pré-crise e disse que o crescimento da carteira é muito importante porque se transforma em margem com clientes.

Ele também ressaltou que o crescimento das despesas do Itaú no Brasil foi de 0,8% no primeiro semestre, contra inflação de 8,3%, e que o banco tem melhorado seu índice de eficiência.

Spread

Maluhy afirmou que o mercado deve recompor os spreads em linhas de crédito para pessoa física com garantia, em função da alta nas taxas longas de juros. Nas linhas sem garantia, ele disse que mesmo com uma maior competição, não vê uma pressão de redução dos spreads.

A margem financeira do Itaú com clientes, na operação brasileira, passou de 10,2% no segundo trimestre de 2020 para 9,0% no terceiro, 8,6% no quarto, 8,5% no primeiro trimestre deste ano e subiu a 8,6% no segundo trimestre.

Maluhy explicou que, apesar de ter revisto para cima a previsão para a expansão da carteira de crédito este ano, o banco não viu necessidade de revisar a projeção para a margem financeira. Ainda assim, diz que houve uma mudança importante de onde o resultado deve ficar dentro do intervalo previsto, com a expectativa agora que ele fique muito mais perto do topo.

“A gente poderia ter feito uma alteração cosmética no guidance da margem, mas isso não era necessário, porque mesmo com a nova expectativa para a carteira, a margem deve continuar dentro do range, mas mais perto do topo”, explicou.

Segundo ele, no ano passado a carteira de atacado cresceu muito mais do que a de varejo. Isso começou a mudar no fim de 2020, mas com mais força no início deste ano, com o avanço de linhas com garantia para PF. Agora, no fim do segundo trimestre, começaram a crescer de maneira mais forte as linhas sem garantia, que têm juros maiores. “A perspectiva para a margem é muito positiva para o segundo semestre”.

Maluhy também destacou o resultado da operação de cartões, com a emissão de mais de 1,3 milhão de plásticos só em junho. Atualmente essa base é de 35,6 milhões de cartões de crédito, com alta de 7,8% em relação a junho de 2020.

Ele também afirmou que o banco vê com grande otimismo o potencial de crescimento no consignado com órgãos públicos. Recentemente, o Itaú venceu a licitação para ficar com a folha de pagamento de Minas Gerais, com 618 mil servidores e um saldo de quase R$ 8 bilhões em crédito consignado.

O executivo também afirmou que o Itaú tem a ambição de crescer em 70% o resultado com pequenas e médias empresas (PMEs) até 2025. Com uma “transformação profunda da operação”, ela já dobrou de tamanho nos últimos quatro anos, chegando a uma carteira de R$ 133 bilhões.

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