16/12/2022 às 10h57min - Atualizada em 16/12/2022 às 10h58min

Dieta adequada pode modular a barreira intestinal

Os ruminantes evoluíram ingerindo alimento fibroso (capim) e, nos últimos anos, a dieta passou de rica em fibra para rica em energia, com maior proporção de alimentos concentrados (milho moído, farelo de soja, grãos secos de destilaria, etc.), o que refletiu no aumento na performance animal.

Porém, a alimentação dos bovinos de corte deu um salto maior a partir da nutrição de precisão, que fornece ingredientes importantes para locais específicos do sistema digestivo. Nesse sentido, pesquisas recentes mostraram que é possível modular a barreira intestinal, seu microbioma e o sistema imunológico desse órgão, a partir da dieta oferecida aos animais.

Segundo João Ricardo Ronchesel, gerente Produtos Ruminantes da Kemin Animal Nutrition & Health South America, a modulação intestinal pela dieta garante os ingredientes necessários para preparar o animal para situações de estresse, para potencializar a eficiência de absorção de nutrientes e para a proteção contra patógenos.

“Além de ser o principal órgão para a absorção de nutrientes, o intestino abriga 70% das células do sistema imune, funcionando como uma importante barreira física entre o meio externo e o animal”, afirma Ronchesel.

Conforme explica, junto com a melhoria da performance, relacionada aos avanços nutricionais, genéticos e de manejo, vieram também os desafios fisiológicos em decorrência de dietas mais energéticas, além de situações de estressantes relacionados ao ambiente (calor), ao manejo necessários (vacinação, apartação, troca de piquete, transporte), entre outros fatores.

“Ao conhecer melhor o intestino e suas funções, é possível, por meio da nutrição, fornecer ingredientes que aumentam a eficiência produtiva e a rentabilidade do animal e, ao mesmo tempo, proteger e nutrir as células epiteliais de patógenos, reduzindo o gasto de energia causada por uma inflamação, além de utilizar menos medicamentos durante a vida do animal”, explica.

Dentre as principais tecnologias que possuem comprovações científicas, com foco na eficiência intestinal, Ronchesel cita o micromineral Zinco, parede de levedura, conhecida como beta-glucano, probiótico que contém bacillus, ácido butírico protegido e glutamina.

“Esses nutrientes contribuem para fortalecer a barreira intestinal, que é um conjunto de proteções (secreções, camadas celulares e muco) que evitam que qualquer tipo de microrganismo e/ou substância adentre no corpo do animal, ocasionando uma inflamação leve ou gravíssima”, esclarece.

Segundo Ronchesel, a redução do consumo de alimentos (dieta) é fator mais marcante, dentre os efeitos do estresse, afinal, o animal deixa de ganhar peso. Outro ponto interessante, em sua avaliação, é que sob condições de estresse térmico o organismo tende a desviar a circulação para as regiões periféricas do corpo buscando reduzir a temperatura, deixando o intestino com menos fluxo sanguíneo e, consequentemente, com menos nutrientes.

“Sob condições de estresse, o animal precisa ter disponível energia para manter suas funções vitais ativas e neutralizar algumas moléculas produzidas, que são chamadas radicais livres. Por meio da nutrição, conseguimos fornecer nutrientes essenciais para os diversos desafios que os bovinos passam pelo ciclo produtivo”, observa.

Ronchesel também destaca como pontos positivos desse tipo de tecnologia um ligeiro aumento do ganho de peso diário e de peso de carcaça, a redução da necessidade de medicar várias vezes o mesmo animal e a diminuição do número de óbitos. “Por fim, ao vender animais mais pesados e em maior número, e debitar o custo extra com essa tecnologia, o saldo é positivo para o pecuarista que trabalha com bovinos”, conclui.

 

 

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