Assim como para as demais cadeias, a digitalização traz, em um primeiro momento, a possibilidade de melhorar a gestão da atividade e consequentemente, aumentar a rentabilidade. Isto porque, através da coleta e análise de dados, é possível recomendar ações ou até automatizar tarefas, promovendo a otimização do uso dos recursos, melhoria da produção e redução dos riscos.
“Ao monitorar os indicadores de produção de cada animal, a digitalização possibilita também uma melhoria na rastreabilidade da produção, o que permite o acesso a mercados mais exigentes, e a apresentação dos indicadores de sustentabilidade”, destaca Otávio Celidònio, diretor executivo do AgriHub, instituto integrado à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato).
Segundo o executivo, a tecnologia facilita a jornada de melhoria dos processos ao deixar claro, através de dados, onde estão os problemas e, assim, facilitar a construção de soluções. “Um dos pontos fortes da revolução digital é justamente possibilitar que pessoas comuns possam enxergar tais problemas e construir as soluções, algo que antes era restrito aos centros de pesquisa”, avalia.
Outro ponto ressaltado por Celidônio é que, ao formar grandes bancos de dados, além de enxergar melhor os problemas, é possível, eventualmente, descobrir soluções, entendendo o que diferencia os produtores com os melhores resultados.
De acordo com ele, para que o Brasil possa intensificar a adoção desses novos métodos de produção, um dos principais desafios é o de construir uma cultura de gestão por indicadores e melhorar a capacidade analítica. “Isso é difícil por demandar a capacidade de entender dados e indicadores e também pelo desafio de criar novos hábitos, fazendo com que os dados sejam utilizados no dia a dia da fazenda”, aponta.
Para isso, segundo Celidõnio, é preciso capacitar os recursos humanos para o desenvolvimento do segmento. “Diante desse cenário, as faculdades de negócio terão de prover uma sólida formação técnica e de negócios, formar também competências básicas de estatística e de tecnologia da informação, além de instigar o desejo pelo aprendizado contínuo, já que esse mundo está em constante transformação”, explica o diretor do AgriHub.
Por fim, ele enfatiza que otimizar a cadeia produtiva de forma sustentável é uma das premissas da Pecuária 4.0, porém, ainda é preciso atentar para os principais gargalos do setor. “Além do desafio humano, existem barreiras tecnológicas e econômicas que atrasam o avanço”, menciona, citando que, dentre elas, a mais evidente é a da conectividade, que limita o tipo de tecnologia que pode ser empregada no campo.
“Também vale a pena citar os desafios relacionados à falta de padronização e de compartilhamento das informações, que poderiam melhorar os processos de rastreabilidade e construção de novas soluções com base nas informações coletivas”, arremata o executivo.