Até a terceira semana de novembro deste ano, o Brasil exportou 98,4 mil toneladas de carne bovina in natura, uma média diária de 8,2 mil toneladas. Em relação às exportações do mesmo período no ano passado, o crescimento foi de 91,9%.
Nosso maior comprador, a China, suspendeu as importações de carne brasileira por alguns meses de 2021, em função do aparecimento de dois casos atípicos da doença da vaca louca no Brasil.
A informação é dos analistas de mercado da Scot Consultoria, Rodrigo Silva e a zootecnista Jayne Costa. Para Jayne, a relação comercial do Brasil com a China neste momento é de estabilização, e de busca de qualidade de expansão. Ainda assim, as exportações de produtos agrícolas continuarão com grande volume.
“O Brasil está entre os maiores fornecedores de carne, soja e celulose para a China” diz Jayne. A zootecnista alerta, no entanto, que o mundo vive um momento de estabilidade econômica, mas com aumento de preços de frete e insumos, como fertilizantes dos quais o Brasil é dependente. A oscilação destes preços vai refletir nas commodities importadas. Há ainda as questões climáticas, que são imprevisíveis.
Um outro fator de preocupação para os exportadores é a manutenção da política de Covid zero pelo país asiático. O fechamento do país provoca entraves na cadeia de suprimentos globais e pode afetar o comércio exterior da China. Num cenário desse, o Brasil não saí ileso.
No período, as vendas para a China caíram 1,3%. É a única queda nas exportações agrícolas entre os 10 principais destinos dos embarques do Brasil. Por outro lado, as exortações agrícolas para os outros países cresceram 19% entre janeiro e outubro, frente ao mesmo período de 2021.
Apenas para os Estados Unidos, no mesmo período, eles saltaram 23%. Mesmo assim, os analistas dizem que as exportações de carne para a China seguem em alta. As vendas subiram 46% em volume e 80% em faturamento. Esse resultado fez com que a proteína aumentasse sua participação na pauta de exportação do Brasil para a China em até 4%.
Preço se mantém aquém do esperado
Apesar do ritmo acelerado das exportações, o preço da arroba tem ficado a desejar. Com desvalorização em novembro, arroba atinge menor preço médio em 2022. A expectativa do mercado é que o fim dos animais de confinamento provoque uma diminuição da oferta e melhora dos preços.
Após atingir R$ 330,00 no começo do ano, o preço da arroba do boi chega em novembro com a sua menor média mensal de 2022. Segundo a Scot Consultoria, esse movimento faz parte da transição do ciclo da pecuária, que tem como característica o descarte de fêmeas.
Para a analista de mercado e engenheira agrônoma, Maria Eduarda Garibalde, a alta dos custos de produção e um maior número de ferramentas para a proteção dos preços fizeram o mercado ficar mais apertado em 2022. A boa oferta de animais terminados e o comércio interno fragilizado levaram às cotações a caírem.
A válvula de escape para setor é a exportação. A China, novamente, foi o nosso maior mercado importador. Até outubro deste ano, mesmo com a desvalorização da moeda local frente ao dólar e aos frequentes lockdowns, que fragilizaram nosso maior comprador, as exportações para o país asiático foi de 69,1% do total de carne bovina embarcado para o exterior.
A postura da China levou os frigoríficos nacionais a perderem ímpeto e comprarem menos, passando a reduzir as escalas e os abates. No entanto, o setor vê uma luz no fim do túnel na medida que os animais engordados em confinamento estão terminando e, em breve, voltam ao mercado os bois criados a pasto.
Nesse intervalo, espera-se uma redução da oferta e o aumento do preço da arroba.
Da Redação, com Scot Consultoria