30/07/2021 às 16h52min - Atualizada em 30/07/2021 às 16h54min

Entidades ambientais da França pedem que governo do país corte importações brasileiras

Lideranças de dez entidades ambientais francesas publicaram, nesta sexta (30), uma carta pedindo ao governo daquele país “ação imediata” contra a importação de produtos brasileiros oriundos de áreas de desmatamento. Na carta assinada por presidentes de associações como WWF e Greenpeace, acusam publicamente o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de permitir a destruição da Amazônia e do Pantanal.  

“O ano de 2020 foi marcado por incêndios que devastaram mais de 310 mil km², com o aval do presidente Jair Bolsonaro”, argumentam os ativistas na carta aberta publicada no jornal francês Le Monde, um dos principais do país.

Além do pedido de limites imediatos com o comércio atual, os signatários também solicitam que o governo francês bloqueie o acordo de associação entre a União Europeia e o Mercosul. Segundo o texto, esse acordo poderia aumentar em até 25% o desmatamento nos países sul-americanos nos próximos seis anos.

Um dos países que mais frequentemente declara ser impossível ratificar o acordo UE-Mercosul, a França adotou em 2018 uma estratégia nacional de combate ao desmatamento importado e, em 2019, Macron se comprometeu a tomar medidas para conter a destruição da Amazônia.

“Dois anos depois, o relatório é amargo: nossas novidades do desmatamento não diminuíram e a destruição da Amazônia acelerou”, dizem os missivistas.

O governo brasileiro se mostrou disposto a negociar cláusulas ambientais, uma das opções na qual a Comissão Europeia também trabalha. Vale lembrar que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) trocou, entre junho e julho, os titulares das pastas de Meio Ambiente (Ricardo Salles) e Relações Exteriores (Ernesto Araújo). Salles e Araújo eram dois dos ministros mais questionas pela comunidade europeia.

Mas alguns políticos europeus defendem que a credibilidade ambiental do Brasil depende de ações práticas de proteção aos ecossistemas, e não do nome do ministro.

Analistas e negociadores avaliam que o processo de revisão não sairá da geladeira antes das novidades presidenciais na França, no ano que vem.

Na carta, os ambientalistas franceses ainda alegam que “nossas importações de produtos do desmatamento contribuem para a destruição (...), a Amazônia e o cerrado lugar a pastagens e campos de soja que a França importa maciçamente”. Mas, de acordo com a publicação, as medidas imediatas são necessárias porque os números apontam para novos registros de incêndios no Brasil neste verão.

“No primeiro semestre de 2021, o desmatamento na Amazônia aumentou 17% em relação ao primeiro semestre de 2020. Com o início da seca no Brasil, o número de queimadas supera o ano passado no mesmo período”, afirma o texto.

Da Redação (com informações da Folha de S. Paulo)


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