O engenheiro agrônomo e analista de mercado da Scot Consultoria, Alcides Torres, acredita que o mercado do boi gordo vai continuar incerto na semana que vem, após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Até aqui, as praças do boi gordo do mercado brasileiro ainda não sentiram os efeitos da guerra em plena Europa. Os preços na praça paulista continuam firmes, com a arroba se mantendo em R$ 338,00 e o boi China alcançando R$ 355,00 a arroba, incluindo o ágio.
As incertezas para a semana que vem são grandes porque ninguém sabe o que vai acontecer. Em 2014, quando a Rússia invadiu e anexou a Criméia, esperava-se uma turbulência, mas ela não aconteceu. Agora, pode acontecer a mesma coisa.
O problema, segundo ele, é caso o conflito ganhe escala e ninguém consiga intervir. Se esse for o cenário, tudo pode mudar.
Num primeiro momento os preços das commodities, como petróleo e gás, elevaram os dos combustíveis. A inflação deve aumentar, criando um cenário de instabilidade.
Semana que vem é de Carnaval e os hábitos alimentares mudam, embora não tenha festa. A guerra e as festas acontecem num momento em que o mercado sempre apresenta variações, que é o final do mês.
O engenheiro lembra que a Rússia e a Ucrânia são dois grandes produtores de milho e de trigo e esses produtos podem parar de circular e faltar no mercado internacional. Mas ainda não se sabe. Por enquanto, só há expectativas.
Hoje os compradores de bovinos de praças como a paulista estão buscando animais em outros pontos de comercialização, mais distantes, que apresentam melhores preços. A Rússia não vai impactar o mercado de exportação da carne brasileira porque ela compra apenas de 1,5% a 2% de toda a nossa exportação de proteína vermelha.
Sempre que podem, os exportadores buscam mercados que pagam mais, ao contrário do russo. Mesmo diante da estabilidade desta semana, a próxima ainda é de incerteza. Podem surgir fatos novos e incontroláveis.
Da Redação