21/01/2022 às 11h45min - Atualizada em 21/01/2022 às 11h45min

A era da pecuária 4.0

A pandemia do coronavírus (Covid-19) acelerou ainda mais a transformação digital em todo o mundo, impulsionando o desempenho, a eficiência e a produtividade em todos os setores. No Brasil não foi diferente. Na agropecuária, por exemplo, chips, sensores, câmeras e outros dispositivos de monitoramento estão revolucionando as fazendas de produção de carne, leite, aves, suínos e outras proteínas de origem animal. Soma-se a essas ferramentas tecnologias como internet das coisas, robótica, veículos autônomos, drones e satélites. Tudo a serviço do campo, que está vivendo a era da pecuária 4.0.

Dentro dessa nova ordem tecnológica, a pecuária 4.0 busca aperfeiçoar a produção animal, visando melhores resultados em sustentabilidade, preservação do ambiente e produtividade. Esse conceito também é estendido à agricultura, afinal, garantir a produção de alimentos de origem animal e vegetal, para acompanhar o crescimento populacional, exige a utilização de técnicas modernas e eficientes.

Segundo Otávio Celidonio, coordenador do AgriHub, instituto que faz parte da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), a proposta da pecuária 4.0 é melhorar os processos e os recursos, evitar perdas, e, principalmente, destacar o potencial das fazendas”, explica. “Resumindo, além de utilizar os recursos do local, na quantidade mais adequada, a pecuária 4.0 busca fazer isso em tempo real”.

O Instituto AgriHub é uma rede de inovação agropecuária que trabalha, atualmente, em três principais frentes: difusão tecnológica, inovação aberta e orquestramento.

Na difusão, por exemplo, busca verificar o que existe em tecnologia e recomenda a solução de acordo com o perfil de cada produtor. “Não vamos recomendar um drone para um produtor que não usa imagem de satélite, assim como não vamos indicar um software super-robusto de gestão, no caso de um produtor que faz anotações em uma caderneta”, exemplifica. “A indicação é um software bem simples e intuitivo”, acrescenta e informa que o desafio é fazer a difusão tecnológica de forma personalizada.

Outra frente, a inovação aberta, é realizada por meio de parcerias com empresas que financiam o AgriHub. “A partir da demanda, buscamos startups de tecnologia que possam contribuir ou adaptar soluções para essas empresas”, relata Celidonio. “Fazemos essa ponte, a gestão e ajudamos na construção do projeto.”

Para o coordenador do AgriHub, o orquestramento é fundamental na resolução de desafios transversais da agropecuária, como a conectividade, a previsão climática, a rastreabilidade, além da escolha de uma solução tecnológica, por meio de projetos para fomentar o desenvolvimento colaborativo.

Por exemplo, dia 18 deste mês, a Famato assinou um protocolo de intenções com o governo do Estado para a expansão do acesso à telefonia móvel em 4G, buscando investimento público e privado. O AgriHub participou da elaboração do projeto, batizado com o nome Mato Grosso Conectado, firmado pela MT PAR,  que também incluiu a participação da Acrimat, Aprosoja, Ampa e Fiemt, entidades representativas do agronegócio mato-grossense.

Celidonio cita alguns benefícios da tecnologia 4G para a agropecuária: “Imagine uma câmara que monitora, em tempo real, e identifica um animal doente, ou que, em um confinamento, mostra o ganho de peso de cada indivíduo!”

Conforme explica, embora o AgriHub faça um trabalho para mapear os processos e as startups, ainda não tem foco específico na pecuária. “O foco maior, desde 2016, é a agricultura, que é o principal motor da economia mato-grossense, mas a pecuária é também importante”, diz ele. “Vamos entrar nessa jornada e ajudar o pecuarista a avançar no uso da tecnologia.”

Segundo Celidonio, cerca de 1.500 startups atendem o agronegócio brasileiro. Somente a rede AgriHub tem cadastrada na sua base 300 startups. “Na hora de buscar uma tecnologia, o produtor fica confuso diante de tantas soluções”, argumenta.

O AgriHub atua através de uma rede de influência. “Identificamos os produtores mais influentes do Estado, chamados Alfa, que usam e têm intenção e capacidade de testar novas tecnologias”, conta Celidonio. A rede reúne cerca de 30 pecuaristas e a expectativa, para este ano, é dobrar esse número. Na agricultura já são 60 produtores.

Para entrar no projeto, o produtor precisa estar aberto ao novo, ter o interesse em melhorar os processos e a tecnologia, além de estar disponível a apoiar a pesquisa.

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