Pecuaristas do interior de São Paulo já começam a sentir os efeitos do tarifaço de 50% anunciado pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em Barretos (SP), produtores de boi tiveram suas vendas de carne suspensas, uma vez que frigoríficos brasileiros já estão paralisando a produção destinada à exportação para os EUA.
“Com essa taxa, inviabiliza o negócio. O negócio para. Para os Estados Unidos, fica inviável”, afirma o pecuarista Antônio José Prata Carvalho.
O Sindicato da Indústria de Alimentação de Barretos expressa grande preocupação com o cenário, temendo riscos de demissões devido à medida americana. Enilson Roberto da Silva, diretor do Sindicato, relata: “Nós temos uma empresa de abate que tem em torno de 3 mil funcionários, entre duas unidades produtivas, uma de abate e outra, de transformação de carne, e também um centro administrativo. A preocupação é grande. Realmente, muito grande. A gente está aqui sem saber o que vai acontecer”.
Apesar do cenário, Maurício Velloso, presidente da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon), mantém um tom mais otimista. Ele acredita que a pecuária nacional não teme a imposição da tarifa, pois o setor pode, com facilidade, redirecionar as 185 mil toneladas de carne bovina compradas pelos norte-americanos no primeiro semestre deste ano para os mais de 160 países que já adquirem a proteína brasileira.
Velloso, contudo, reconhece a crescente importância dos EUA para as exportações de carne bovina do Brasil, que registrou um crescimento de 104% entre 2024 e o primeiro semestre de 2025 no volume destinado ao país.
“Entretanto, este valor, este volume, apesar de ter crescido de forma significativa, desejável e merece aplausos por isso, ainda assim não é tão representativo frente a todo o volume exportado pelo Brasil”, ressalta.