Tarifa de Trump trava mercado de boi no Brasil e incita outros importadores a discutir preço da tonelada da carne bovina

Fabiano Reis
15/07/2025 09h46 - Atualizado há 1 dia
Tarifa de Trump trava mercado de boi no Brasil e incita outros importadores a discutir preço da tonelada da
Foto: Arquivo pessoal

É inegável o momento ser de apreensão em diversos mercados brasileiros que atingem o consumidor dos Estados Unidos. As tarifas, sem nenhuma fundamentação econômica, anunciada por Donald Trump (observe que não entrarei em mérito das disputas políticas ou jurídicas do Brasil), com tanto potencial para prejudicar o empresariado brasileiro, traz impactos nos mercados do boi gordo e da carne bovina.

Anunciada na última quarta-feira, o primeiro impacto foi a suspensão voluntária de negociações entre pecuaristas e indústrias na quinta-feira, dia 10, sexta-feira, 11 e, também, nesta segunda-feira, quase sem vendas e compras. A indústria exportadora de carne bovina se afastou da ponta compradora, a espera de um reposicionamento e movimentação do Governo do Brasil em torno das articulações e medidas a serem tomadas.

Claro que o posicionamento deixou o mercado sem referências para cotações e, as propostas, as que vieram, mais baixas, mantiveram as escalas das indústrias mais cheias, com alguma folga em boa parte do país. O problema não para nisso. Os importadores da China, ao perceber o cenário do Brasil começaram a discutir o preço da tonelada exportada pelo setor industrial, tentando baixar preços. É provável que tenhamos outros importadores tomando a mesma atitude em curto espaço de tempo.

Tempo

no médio e longo prazo a tendência é de estabilização da arroba do boi gordo e uma “reabertura” dos negócios domésticos com outros destinos, considerando que as taxas vão vigorar.

Relevante observar que o governo Trump tem estabelecido taxas, depois protela ou reduz a tarifa e também os dois. Para entender a questão, os Estados Unidos são o segundo maior importador de carne bovina do Brasil e destinam uma cota de 65 mil toneladas sem qualquer tarifa. A cota foi batida na primeira quinzena de janeiro/25, passando para 26% de tributo. No “Dia da Liberdade” de Trump, ele definiu 10% de taxas para o Brasil que se somaram a tarifa anterior (26% + 10% = 36%). Se em primeiro de agosto as taxas entrarem em vigor vai passar a ser um total de 76% de tarifa (26% + 50%), levando o preço da tonelada para mais de US$ 8 mil, inviável.

Em tempo

O cenário vai permanecer complicado por algumas semanas e sem definições. O fator vai elevar a volatilidade, já alta no mercado pecuário do Brasil, tornando mais complexa a tomada de decisão. Tendência de estabilidade no médio prazo, com algumas quedas para a arroba.

Para o pecuarista, eu diria que a indústria vai ficar o mais longe possível da ponta compradora. Se a sentença é verdadeira, eu diria para o pecuarista buscar permanecer fora da ponta vendedora, pelo maior tempo possível.


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