O mercado de suínos começou julho com pressão negativa sobre os preços nas principais regiões produtoras do Brasil. Na primeira quinzena do mês, o varejo e o atacado mais fracos não sustentaram as cotações do animal vivo, resultando em desvalorizações que acenderam o alerta entre produtores e entidades do setor.
De acordo com Fernando Henrique Iglesias, analista da Safras & Mercado, o movimento já vinha desde a segunda quinzena de junho, com preços “acomodados e lateralizados”, e havia expectativa de reação neste início de mês. Apesar do recuo atual, Iglesias destaca que o grande destaque do ano são as exportações: “O desempenho tem sido fantástico, com crescimento importante em volume e receita, o que faz toda a diferença para o setor”, afirmou ao Notícias Agrícolas.
Em São Paulo, dados da Associação Paulista de Criadores de Suínos (APCS) mostram queda de 2,45% no preço do animal, que passou de R$ 8,97 para R$ 8,75/kg vivo. O presidente da APCS, Valdomiro Ferreira, atribui o recuo à disputa de valores entre o abatido e a carcaça no atacado e varejo. “O mercado está andando de lado. Recomendamos que os produtores não segurem os animais esperando por preços melhores, mas sigam os acordos já firmados com compradores. Precisamos atravessar esses próximos 15 dias para vislumbrar uma retomada”, orientou.
Em Minas Gerais, o valor do suíno caiu 3,53%, indo de R$ 8,50 para R$ 8,20/kg vivo, segundo a Associação dos Suinocultores do Estado (Asemg). O consultor da entidade, Alvimar Jalles, explicou: “Com o varejo e atacado enfraquecidos, os preços recuam automaticamente. Sem sustentação à frente, não há como manter o valor.”
Em Santa Catarina, o recuo foi mais tímido, de 1,21%, para R$ 8,15/kg, segundo a ACCS. O presidente Losivânio de Lorenzi atribuiu parte da pressão negativa às incertezas geradas pelas tarifas de 50% anunciadas por Donald Trump sobre produtos brasileiros. “Isso já reflete especulações. As indústrias ficaram retraídas com os possíveis impactos”, analisou. Lorenzi também chamou atenção para o fato de que, historicamente, o início do mês costuma ter demanda aquecida com o pagamento dos salários. Por outro lado, destacou que o custo de produção está favorável, com o milho pressionado, o que dá algum fôlego aos criadores.
No Paraná, na contramão das demais praças, o Indicador do Preço do Kg Vivo do Suíno LAPESUI/UFPR registrou alta de 3,70% na semana, fechando em R$ 8,25. No comparativo mensal, a valorização é de 2,60% em relação a junho.